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terça-feira, 21 de julho de 2015

FILME: LE LIVRE DE MARIE - 1984


Direção: Anne-Marie Miéville - 1984 
Duração: 35 min
País: França - Suíça 

O filme vem antes de Je vous Salue Marie. Trata-se da história de Marie, uma menina de onze anos que vive momentos difíceis, pois seus pais (Bruno Cremer e Aurore Clément)  estão se separando e tudo irá mudar para ela. 

Marie tenta se consolar ouvindo Réssurection de Gustav Mahler, mas não obtém êxito. A dificuldade para qualquer criança ou jovem diante da separação dos pais que rompe com o imaginário infantil dos pais perfeitos e ao mesmo tempo abala a segurança da criança. 

A diretora Anne-Marie Miéville é a terceira esposa de Jean-Luc Godard e o curta foi escrito como um complemento para o filme Je vous Salue Marie.



Anne-Marie Miéville nasceu em 1945 em Lausane, Suíça 

quarta-feira, 6 de maio de 2015

LIVRO: A VIAGEM VERTICAL - ENRIQUE VILA-MATAS


Vila-Matas, Enrique.Cosac Naify, 2014
252 páginas
Tradução: Laura Janina Hosiasson
Título Original: El viaje vertical

País: Espanha 

Mayol vive em Barcelona e está acomodado em sua vida, acredita que fez tudo correto, enriqueceu com sua empresa de Seguros que agora é presidida pelo seu filho, deu uma vida boa a sua família, mas não consegue se entender com o filho mais novo e está furioso com ele por ter compreendido que ele o chamou de inculto. Sem saber Julían tocou no ponto mais sensível de Mayol, sua falta de cultura. Ele foi obrigado a abandonar os estudos por causa da guerra civil na Espanha e depois nunca mais retomou. 

Tudo teria continuado desta forma se não fosse a esposa de Mayol, Julia sem mais nem menos lhe dizer que está farta, que quer que ele vá embora porque ela precisa ficar sozinha e ter tempo para si mesma e descobrir quem ela é, depois de tantos anos se dedicando e fazendo as vontades de todos. Mayol não compreende, mas Julia está de certa forma dando uma dica para Mayol, sempre é tempo de se ir em busca de seu desejo, de descobrir quem somos. Julia, como o marido, considera que cumpriu sua missão e agora quer um tempo para si mesma que nunca pode ter antes.

Mayol sem compreender nada do que sua esposa Julia deseja acaba indo embora. Começa o que ele vai chamar de viagem vertical para o sul. Primeiro Porto, depois Lisboa até que ele chega a Ilha Madeira. É uma viagem para o fundo, de descobrimento de si mesmo. É um recomeço onde ele poderá finalmente enfrentar seu trauma e buscar o que deseja. Sempre é possível, a derrota às vezes é apenas a forma de sacudir uma pessoa para que ela saia de seu conformismo e autopiedade para fazer algo por si mesma.

É como os romances de formação só que aqui o personagem já tem mais de setenta anos, mostrando que enquanto se está vivo é possível ir em busca de si mesmo e do que se deseja.


Enrique Vila-Matas nasceu em 1948 em Barcelona, Espanha

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

LIVRO: LIVRE - A jornada de uma mulher em busca do recomeço - CHERYL STRAYED



Strayed, Cheryl. Objetiva, 2013
375 páginas
Tradução: Débora Chaves
Título Original: Wild 

Assisti ao filme recentemente e já postei no Blog. Ontem terminei a leitura do livro. 

O filme condensa todo o percurso de Cheryl pela PCT - Pacific Crest Trail, por 1770 quilômetros partindo do deserto de Mojave no sul da Califórnia até a Ponte dos Deuses no Estado de Washington, mas no livro podemos acompanhá-la mais vagarosamente em suas dificuldades, obstáculos, momentos especiais, alegrias, conquistas, e toda a transformação que se processa nela mesma. 

Após a morte de sua mãe aos 45 anos de idade de um câncer Cheryl não se recupera e cada vez se perde mais de si mesma até o dia que ao descobrir que está grávida, sem ao menos saber quem seria o pai, ela faz um aborto e reconhece que virou algo horrível, que não é mais possível continuar assim. Ela se divorcia do marido, e começa os preparativos para sua caminhada sozinha pela PCT.

O livro relata esta jornada, e apesar de termos a impressão de que nada ocorre internamente, uma vez que ela está focada no externo, na atenção que tem que ter na trilha devido cascavéis, animais, buracos, obstáculos, o cansaço físico, a constatação de seu despreparo para fazer isto, o tamanho de sua mochila que ela apelida de "a monstra", o descuido de que poderia haver vários imprevistos o que a coloca em situações difíceis como a falta de água, ter que fazer um desvio devido a neve excepcional naquele ano que a tira de sua rota e acaba deixando-a sem dinheiro em alguns momentos, aos poucos algo dentro dela vai se transformando, como se tudo o que ocorre no externo seja apenas uma metáfora de sua transformação interna, até o momento em que ela dá o salto psíquico.

Era o dia que sua mãe deveria completar 50 anos, e neste dia Cheryl consegue gritar e colocar em palavras tudo que sente, é o momento de sua libertação interna que irá possibilitar um renascimento. Lamento que o filme não tenha colocado este momento por completo como está no livro. Ao assistir senti falta deste momento, onde ocorreu a cura? a ultrapassagem? o momento decisivo para toda sua mudança? e o encontrei no livro.

Confesso que adoraria ter a coragem dela, é uma caminhada de crescimento, de percepção de si mesma, de enfrentamento, de superação. Eu prefiro fazer isto no divã de um analista. O processo interno ocorre da mesma forma, mas leva mais tempo. Eu não superaria o medo da noite, o medo do outro, de sofrer algum tipo de agressão, nunca faria isto sozinha como ela fez, mas adoraria fazê-lo.

Cheryl Strayed 

Com sua família que constituiu após a trilha

Cheryl na trilha 

Mapa da PCT

PCT
PCT
PCT

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

LIVRO: A MULHER PERDIDA - TIM WINTON


Winton, Tim. Paz e Terra, 2009
439 páginas
Tradução: Juliana Lemos
Título original: The Riders

País: Austrália

Um livro que nos leva para as profundezas da alma, daquilo que desconhecemos de nós mesmos. Sempre achamos que conhecemos o outro que vive conosco, e mais ainda, temos certeza de nos conhecer, e de repente tudo isto muda.

Scully é um australiano que tem um bom coração, se contenta com pouco, e se esforça ao máximo para ver sua esposa Jennifer feliz. Ele não é bonito, tem uma cicatriz no rosto, é grandão, já sua esposa é muito bonita. A filha de ambos Billie compara seu pai a Quasímodo, o corcunda de Notre Dame. Ele faz todas as vontades de sua esposa, e por isto deixaram sua casa na Austrália para viver em vários lugares como Grécia, Paris, onde ele sempre trabalhava em trabalho braçais por ser ilegal e desta forma sustentar a família. Enquanto isto Jennifer tentava atingir seu ideal de eu, sonhando em ser uma artista aplaudida.

Quando finalmente decidem retornar à Austrália resolvem antes de ir embora fazer uma viagem à Irlanda, e lá Jennifer tem um pressentimento diante de um casebre de camponês e diz que é ali que serão felizes. Mais uma vez Scully atende ao seu desejo, e enquanto ela vai à Austrália com Billie para vender a casa , ele fica para reformar a casa, esperando a chegada delas para o Natal. No dia marcado ele está lá no aeroporto, feliz, mas quem surge é Billie com uma etiqueta escrita: criança desacompanhada, Jennifer não veio.

A partir daí Scully começará uma busca por vários locais para encontrá-la. Billie não dirá nada, e ele desesperado tenta encontrar sua esposa.

Scully não consegue enfrentar a realidade, e começa dando mil razões para sua mulher ter feito o que fez, nem mesmo os pequenos indícios que aparecem ao longo do livro o fazem pensar que foi abandonado. Ele fica tão obcecado que pensa que todos estão lhe escondendo algo, me lembrando aqui do médico no livro A origem do mundo, que postei recentemente.

Ele vai mergulhar no inferno. E eis que surge um Scully que também ninguém conhece, nem ele mesmo, ele vai fazer coisas que jamais se imaginaria fazendo. Será sua filha Billie de sete anos que terá que amadurecer precocemente e trazer seu pai de volta à realidade. Mas ela só o conseguirá depois que ele tiver passado por uma descida ao fundo do poço.

Jennifer não aparece ela mesma em nenhum momento no livro e vamos montando uma ideia dela através do que dizem os outros, mas é bom ficar atento, pois alguém pode realmente conhecer alguém? E o autor nos deixa sem saber qual foi realmente o motivo dela ter abandonado seu marido e sua filha.

É difícil aceitar a perda e as escolhas que o outro faz, aqui temos pai e filha tendo que aceitar o abandono por parte da esposa e da mãe, mas Billie dirá ao seu pai: você me basta! Ela aceita o real, lida com ele, apesar de também ter ficado traumatizada com isto o que se evidencia principalmente pelo seu silêncio e algumas passagens no livro onde ela pensa.

Scully em momento algum vai tratar o desaparecimento de sua mulher como um fato, o real, até mesmo procurando ajuda da polícia para encontrá-la, uma vez que ele fica sem saber nada sobre o que aconteceu.

O livro leva ambos por vários lugares como a Grécia, Itália, Paris, Holanda, mas esta descida ao inferno que Scully enfrentou poderia muito bem se passar dentro dele sem sair de onde estava.

Recomendo!

Tim Winton nasceu em 1960 em Karrinyup, Austrália. 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

LIVRO: PAULA - ISABEL ALLENDE


Allende, Isabel. 2ª ed. Bertrand Brasil, 1995
Tradução: Irene Moutinho
472 páginas

Em 1991 Paula, a filha de Isabel Allende adoeceu gravemente e logo entrou em coma. Estavam na Espanha. Isabel vai para lá e sua mãe também, e começam a longa vigília na esperança que Paula acordasse.

Para vencer a angústia do tempo que não passa Isabel começa a escrever para sua filha este livro, onde conta a história da família, pensando que quando ela acordar poderá lhe oferecer estes escritos.

A maior dor de um ser humano é perder um filho. É tão brutal que não nem nomeação para este estado, dizemos que quem perdeu o cônjuge é viúvo, quem perdeu os pais é órfão, mas e quem perdeu um filho, o que é? Já não pode nem dizer sou mãe, teria que dizer fui mãe de ... pois este filho nunca será substituído, mesmo havendo outros.

O livro é o relato da dor desta mãe, das suas esperanças e angústias, medos, mas é também o relato de sua família e da história do Chile. A dedicação do marido de Paula, todo seu amor a sua jovem esposa que nos toca profundamente.

Foram meses, longos meses, enquanto este livro era escrito com a dor, mas também a força desta mãe, que precisava continuar a viver, é uma evocação à vida e uma linda homenagem à sua filha.

Isabel Allende com seus filhos Nicolas e Paula 

Isabel Allende Llona nasceu em 1942 na cidade de Lima - Peru, apesar de ter nascido em Lima é considerada Chilena, e atualmente vive nos Estados Unidos.

Assista o vídeo sobre Paula