segunda-feira, 31 de março de 2014

LIVRO: OS LADRÕES DE CISNE - ELIZABETH KOSTOVA


Kostova, Elizabeth. Intrínseca, 2011
Tradução: Adalgisa Campos da Silva
536 páginas
Título original: The swan thieves

Andrew Marlow é um psiquiatra de meia idade que é reconhecido por fazer falar até mesmo as pedras, mas quando ele aceita tratar de Robert Oliver verá que nem sempre é assim.

Robert havia tentado atacar uma obra de arte - Leda, na National Gallery em Washington, mas foi impedido pelo guarda do museu sendo preso. Sua justificativa é que havia feito isto por ela.

Diante da negativa de seu paciente em falar Marlow decide investigar indo contra sua ética profissional e procura pelas pessoas com quem Robert conviveu, sua ex-mulher, sua namorada após o divórcio, na tentativa de desvendar a mente de seu paciente e descobrir porque ele fez aquilo.

Aos poucos ele irá descobrir que seu paciente sofre de uma obsessão por uma mulher que já está morta, ele a ama e passa seus dias pintando seu rosto ou a retratando em diversas situações. Ele também possui um maço de cartas antigas escritas por esta mulher que foi uma pintora no século XIX próxima dos impressionistas, Béatrice de Clerval.

Um livro que nos fala destes pintores e da arte, de artistas, mas que também busca compreender a mente do artista além da obsessão que Robert tem por esta pintora em especial.  Marlow desvendará a mente de seu paciente e o que lhe ocorreu, mas para isto terá que ir também ao México e à França, juntando aos poucos as peças deste imenso quebra-cabeça até descobrir por que Béatrice parou de pintar já que possuiu um dom maravilhoso e pintava quadros extremamente vivos e juntar tudo isto com o ato de Robert no museu.

Quem eram os ladrões de Cisne? e porque tentaram roubá-lo? Ao descobrir esta resposta ele compreende finalmente o que levou Robert a tentar destruir uma obra de arte no museu.

Um livro gostoso de ler, que abrange um mistério, mas também penetra na mente do artista, nos levando a um passeio pela arte.


Elizabeth Kostova nasceu em 1964 em New London, Connecticut. É uma romancista.Fez pós-graduação em Yale e é mestre em Belas-artes pela Universidade de Michigan, onde recebeu o prêmio Hopwood.

quinta-feira, 27 de março de 2014

FILME: PALAVRA E UTOPIA - 2000



Direção: Manoel de Oliveira - 2000
Duração: 133 min 
Roteiro: Manoel de Oliveira
País: Portugal 

Uma cineobiografia sobre o Padre Antônio Vieira.

Pe. Antônio Vieira nasceu em 1608 e veio para o Brasil em 1614. Ficou famoso pelos seus sermões. Ordenado jesuíta seus sermões denunciavam as injustiças principalmente a causa dos índios e dos negros. No ano de 1663 enfrentará o tribunal da Inquisição em Coimbra. É amigo pessoal de Dom João IV e será vítima de intrigas na corte tendo que se refugiar em Roma onde conquistará a confiança do Papa. Será o confessor da Rainha Cristina da Suécia. Retorna à Portugal e será obrigado por Dom Pedro II a passar o restante de sua vida no Brasil.



Lima Duarte representará o Pe. Vieira  na última parte de sua vida. O uso da palavra para defender os índios, negros e judeus através de seus sermões, o aspecto político de Vieira.



Manoel de Oliveira nasceu em 1908 em Porto, Portugal.
Faleceu em 02 de abril de 2015 em Porto.  

FILME: ECLIPSE DE UMA PAIXÃO - 1995


Direção: Agnieszka Holland - 1995 
Duração: 111 min 
Título original: Total Eclipse 
Roteiro: Christopher Hampton 
País: Reino Unido 

Baseado em cartas e poemas o filme reconta a história de dois poetas franceses do século XIX - Paul Verlaine (David Thewlis)  e Arthur Rimbaud (Leonardo DiCaprio).



Após a morte de Rimbaud sua irmã Isabelle (Dominique Blanc)  procura por Verlaine e lhe pede os manuscritos dos poemas do irmão para que sejam queimados. Verlaine então irá se recordar da história que viveu com o poeta desde que o conheceu em 1871 quando após receber um poema enviado por ele ficou impressionado e o convida à sua cada onde vive com sua esposa Mathilde que está grávida (Romane Bohringer). Rimbaud ainda adolescente não tem um mínimo de boas maneiras e Verlaine será seduzido por este espírito rebelde e livre. É o início de uma relação de amor violenta entre os dois que terminará com Verlaine dando um tiro na mão de Rimbaud e sendo acusado de tentativa de assassinato e sodomia é condenado e preso.

Após ser libertado Verlaine reencontra Rimbaud na Alemanha, mas este último irá embora e viajará pelo mundo indo para Abissínia (Antiga Etiópia). Devido um ferimento no joelho mal curado resultara num tumor no joelho e o obrigará a retornar à França onde terá a perna amputada, porém já é tarde, a metástase se espalha e ele morrerá aos 37 anos. Sua irmã afirma que ele se arrependeu e se confessou à um padre e por isto quer destruir os manuscritos de seus poemas imorais. Verlaine finge que irá devolvê-los e enviá-los para ela.

DiCaprio está brilhante como Rimbaud. São atuações corajosas e cruas, o relacionamento dos dois poetas, visceral, homossexual, numa época onde isto era crime. O desespero da esposa de Verlaine, a paixão deste por Rimbaud que o leva a largar tudo, e a rebeldia deste último e sua poesia que até hoje influencia escritores. Um belo filme.


Agnieszka Holland nasceu em 1948 em Varsóvia, Polônia. Trabalha nos EUA. 

Trilha Sonora de JAN A.P. KACZMAREK 

Jan A.P. Kaczmarek é um compositor polonês que nasceu em 1953 em Konin. 

quarta-feira, 26 de março de 2014

FILME: CAPTIVE - EM NOME DE DEUS - 2012



Direção: Brillante Mendoza - 2012 
Duração: 120 min 
Título original: Captive 
País: Filipinas 

Baseado em fatos reais ocorridos em 2001 no brutal sequestro de missionários e turistas nas Filipinas.

O sequestro num Resort nas Filipinas pelo grupo separatista Abu Sayyaf que exigiam a independência da Ilha Mindanao, em 2001. A história é contada por Thérèse Bourgoin (Isabelle Huppert), uma francesa que trabalhava para uma organização humanitária nas Filipinas e é sequestrada por engano junto com outros estrangeiros.



O filme aborda questões que são sempre difíceis de compreender, como o refém que simpatiza com o sequestrador, outro que aceita se converter ao islã acreditando com isto estar mais protegido junto aos sequestradores, o estupro de uma delas que teve o marido morto pelo grupo, a libertação dos que pagaram o resgate, e após mais de um ano a inquietude dos que ficam por ninguém fazer nada por eles.



Thérèse enfrentará os sequestradores quando sua amiga morre para poder enterrá-la, e quando ocorre o estupro e a decisão de que ela deve casar com o agressor. Vemos os raptores culpabilizando o governo por não libertarem os reféns, e Thérèse tentando convencer uma das moças sequestradas que se interessa pelo seu captor que ele é mau, sendo que ela não o vê assim.

O exército das Filipinas tenta várias vezes o resgate, mas é um fracasso porque acabam atirando também nos reféns, e alguns morreram assim. Ao final numa operação maior resgatam os poucos que restam, mas ainda assim morrem reféns durante a ação. O sequestro acabou sendo um fiasco para os sequestradores.


Brillante Mendoza nasceu em 1960 em San Fernando City, Filipinas. 

segunda-feira, 24 de março de 2014

LIVRO: SEM MEDO DE FALAR - Relato de uma vítima de pedofilia - MARCELO RIBEIRO



Ribeiro, Marcelo. Paralela, 2014 - 1ª edição
197 páginas

Um relato corajoso e franco sobre o que é ser uma vítima de abuso sexual infantil e de como o pedófilo costuma assediar, aliciar, seduzir sua vítima passando despercebido de todos. Todos os pais deveriam ler este livro, todos nós devemos ler este livro.

Marcelo relata a dor, o trauma que sofreu, trauma este que não é apenas a sua integridade física que foi abusada, mas também moral e psicológico. Os efeitos que atuam e que não são percebidos, o que é passado ao outro sem que a vítima tenha percepção, desencadeando uma cadeia muito maior de afetados. Ele também demonstra como um pedófilo, termo psicológico, e que trata de uma pessoa que está doente, que tem sérios problemas e distúrbios também, de comportamento moral, sexual, e afetivo.

É de extrema importância que livros assim sejam escritos, divulgados, pois se trata de um crime que se repete, mais comum que a maioria das pessoas imagina ou supõe, e que infelizmente prescreve, o que não deveria acontecer, uma vez que uma vítima de trauma de abuso sexual na infância levará anos para conseguir falar, se falar, enquanto que seu agressor continua com seus abusos com novas vítimas.

Por que a criança não fala? ele tenta responder a questão que é extremamente difícil, pois nem o abusado sabe direito, mas o mais evidente é o medo, a vergonha, e o fato de que de alguma forma sabe que aquilo não é certo, mas ainda não tem conhecimento sobre o sexual. Marcelo vai além, ele fala sobre a questão da repulsa/atração, não como duas coisas opostas, mas que ocorrem simultaneamente, e isto é de difícil compreensão uma vez que vivemos numa sociedade que aprende a falar e pensar através dos opostos, dos contrários e que divide as coisas, como o bem e o mal, o amor e o ódio, a atração e a repulsa, o fascínio e o nojo. Acontece que estes pares são muito mais que o verso da mesma moeda, eles podem ocorrer juntos, ao mesmo tempo, e isto reflete no corpo, na mente, sem obter resposta, criando angústia.

A resposta da sociedade e dos outros, quando a vítima fala, geralmente não acreditam, ou acham que é um desabafo, ou pior, a mulher é acusada e o homem é tratado como maricas. E eis aí mais um motivo de vergonha para a vítima e uma forma de isentar o culpado que se sente poderoso e seguro.

Muitos pensam que é um trauma que após falar, desabafar passa, tem que tocar a vida, mas nada mais longe da realidade da vítima, é todo um processo, quando é possível atingir uma cura. A vítima precisa de muito amor, confiança, acolhimento, para poder transformar isto. E mais ainda para poder compreender o agressor, o que não significa que o isenta, ao contrário, é o momento que o responsabiliza. Como isto geralmente ocorre muitos anos depois do abuso, a lei não permite que seja denunciado, e mais, a lei exige o flagrante, e isto é impossível em quase todos os casos.

Os pais devem ler, estar atentos, perceber, a criança apresenta mudanças de comportamento, se afasta dos outros, está aterrorizada com o fato de alguém descobrir, assustada, e o agressor geralmente está muito perto, faz parte da família, da escola, da vizinhança. Geralmente alguém que a criança respeita, admira, sente afeto por ela.

Marcelo foi vítima do abuso por um maestro ,  o abusador geralmente é alguém respeitado na sociedade, e justamente por isto, isento de críticas, e caso a criança consiga falar será desacreditada, e será a palavra dela e a de alguém que é querido por todos.

Recomendo a leitura.

Marcelo Ribeiro 

LIVRO: NÃO HÁ SILÊNCIO QUE NÃO TERMINE - Meus anos de cativeiro na selva colombiana - INGRID BETANCOURT


Betancourt, Ingrid. Companhia das Letras, 2010
Tradução: vários tradutores
553 páginas
Título original: Même le silence a une fin.

Durante a campanha eleitoral para a presidência da Colômbia de 2002, Ingrid Betancourt, então candidata, foi sequestrada pelas FARC junto com sua comitiva. Era o dia 23 de fevereiro de 2002. Ela só será libertada pelo exército colombiano em uma operação montada que enganou os guerrilheiros em 02 de Julho de 2008. O livro relata estes seis anos e meio de cativeiro.

Um relato lúcido, objetivo que trata mais de sua introspecção frente a todas as dificuldades que passou e que não foram poucas. Humilhações, ofensas, fome, doenças, a psicologia do agressor, o comportamento dos outros reféns.

No início as suas dificuldades quando se viu num mundo totalmente oposto ao que estava acostumada, e sem o poder que estava acostumada a exercer. Era uma mulher orgulhosa, segura, determinada e autoritária, que intimidava os outros, e agora aos poucos ela irá aprender a obedecer e se calar, mas o que mais me impressiona é sua capacidade de não perder a dignidade diante de uma situação onde normalmente a vítima acaba se submetendo por medo para não sofrer represálias, e Ingrid em momento algum demonstra este medo e não se deixa levar pela psicologia do opressor que pretende culpabilizá-la pelas represálias. Em um momento ela diz que é seu direito tentar fugir e recuperar sua liberdade e é função do captor tentar mantê-la presa.

Este modo de agir muitas vezes incomoda seus companheiros, seja pela inveja por ela obter o que deseja, ou seja pelas represálias que atingem a todos. Eles a consideram egoísta, arrogante. Porém Ingrid também reconhece sua mesquinhez em vários momentos, onde irá lutar por um espaço melhor, pelo prato de comida ou a fatia maior de uma torta. Como julgá-los? não devemos, cada um por si lutando por sua vida e esperando a libertação.

O livro nos mostra a face do ser humano quando está em condições limites, aprisionado, humilhado, com medo, sem recursos, sem sua família, tendo que viver na selva, em meio a sujeira, frio, umidade, animais e insetos terríveis como formigas, carrapatos, e outros que queimam como ácido, sofrendo de doenças sem remédios e recursos, sem ter sua intimidade preservada, tendo que fazer suas necessidades diante de todos, e as mulheres sem absorventes higiênicos, sem alimentação adequada baseada principalmente em arroz, além de suportar a opressão, o uso do poder por parte de seus captores. Cada um reage diferente, uns tentam se aproximar do agressor, ser simpáticos com eles querendo com isto garantir o seu, outros se afastam e se calam, se isolam, outros simpatizam e se afeiçoam ao agressor, e alguns fazem como Ingrid. Não há o que dizer, cada um se defende como pode de acordo com aquilo que é.

Do outro lado vemos uma guerrilha composta de jovens e crianças, imaturos ainda por um lado mas embrutecidos por outro. O prazer que eles obtém em usar o poder para humilhar àqueles que consideram seus opressores na vida e que os obrigaram a estar ali, é a ideologia que opera considerando os burgueses os culpados por tudo. Não que eles tenham um vida boa, muitas das mulheres aderiram para escapar à prostituição, preferem ter que estar com alguns guerrilheiros ou ser a namorada de um deles, do que se prostituir com todos, e ali pelo menos elas tem proteção e não passam fome.

Sem analisar a situação em que todos se encontram podemos ter a tendência a ver o pior do ser humano, quando aqueles que estão na mesma situação ao invés de se unirem são os primeiros a delatar o outro, a reclamar quando, por exemplo, Ingrid foi levada numa rede numa mudança de local, por estar com malária e incapacitada de andar e seus companheiros a acusavam de estar fingindo. O olhar de satisfação dos que a recebiam diante de mais uma fuga frustrada, porém a própria Ingrid consegue compreender isto, como se sente o que fica diante daquele que conseguiu a liberdade de volta. Só que ele não tenta, não se arrisca, mas irá sofrer as represálias junto em várias ocasiões.

As tentativas de fuga, que desespero, por mais que se tenha planejado, pensado, na hora o medo se apodera da pessoa. Um medo que tanto paralisa como serve de impulso. Quando eram pegos novamente, todo o sofrimento, a violência, humilhação e que os raptores diziam ser culpa dela, se não tivesse tentado fugir... Mas quem não iria querer fugir? Eles se colocam como se fossem bons e que ela se rebelou, e no entanto esquecem que são eles os agressores.

Por outro lado entre os guerrilheiros também vemos o lado bom deles, são jovens, brincam, dançam, muitas vezes eles ajudam aos reféns, mostram um lado mais humano, mas estão constantemente sob vigilância também, entre eles também há os delatores, a competição. O agressor não é o monstro, ele também tem seu lado bom. E do lado dos reféns também há cooperação, há ajuda, como quando um deles sofre um infarto e o outro lhe cede a aspirina que foi negada pelas FARC, ou o desespero de Ingrid para socorrer seu amigo diabético. As palavras que trocam, e também os momentos em que riem.


Recomendo a leitura, é uma lição de vida, um mergulho no ser humano.


Ingrid Betancourt em seu cativeiro e após a libertação.

Ingrid nasceu em 1961 em Bogotá na Colômbia. Viveu boa parte de sua juventude em Paris onde estudou ciências políticas no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Vive atualmente em Oxford onde faz doutorado em Teologia. Ela pediu uma indenização ao governo da Colômbia e tem sido muito criticada por isto, assim como sua partida para a França logo após a libertação.    

domingo, 23 de março de 2014

LIVRO: O SILÊNCIO DO ALGOZ - FRANÇOIS BIZOT



Bizot, François. Companhia das Letras, 2014 - 1ª ed.
Tradução: Hugo Mader
210 páginas
Título original: Le silence du bourreau

Face a face com um torturador do Khmer Vermelho.

François Bizot, etnógolo francês, foi sequestrado pelo Khmer Vermelho no Camboja em 1971. Foi o único ocidental a sair com vida das temidas prisões do Khmer Vermelho, apesar de ter sido condenado à morte. O feito se deu graças ao seu carcereiro conhecido como Deuch, um jovem intelectual que falava francês e que criou um laço com seu prisioneiro durante os três meses de cativeiro.

Bizot saiu, deixando seus dois companheiros e auxiliares lá, Lay e Son que seriam mortos. Somente anos depois Bizot descobrirá que Deuch era o responsável por torturar e matar mais de 40 mil prisioneiros políticos do regime de Pol Pot, e que ficou conhecido como o algoz de Tuol Sleng, a prisão e centro de execução e atualmente um museu do genocídio.

Em 2009 Bizot foi convocado a testemunhar contra Deuch nos processos do Khmer Vermelho.

O livro é o relato do questionamento de Bizot sobre sua relação com o algoz e principalmente saber como um homem comum pode se transformar em um algoz. Ele chama a atenção de todos sobre um fato que Hannah Arendt já havia trazido a tona durante o julgamento de Eichmann, o fato da humanidade do monstro, o que é muito difícil de ser aceito, uma vez que temos que aceitar que todos nós carregamos em si este lado, e que não se trata de uma aberração, algo à parte, mas de algo muito humano, e isto assusta, cria pânico, aterroriza. Como lidar com algo que não é perceptível facilmente, com o fato de que qualquer pessoa pode vir a ser este algoz? Que ele não pode ser identificado por ser diferente de todos os outros?

Esta constatação não leva ao perdão, mas à compreensão de que é fato que a grande maioria dos monstros da história, os algozes, tem outro lado, são pais de família amorosos, bons maridos, e que acreditam estar fazendo o certo, o que devem fazer, como qualquer outro em seus deveres profissionais. Eles não demonstram remorsos, não pedem desculpas.

Bizot talvez seja levado a esta lucidez mais rapidamente por ter cometido um ato de crueldade anos antes e que carrega em si, e com isto percebe que foi capaz também de ser cruel com um ser indefeso e que confiava nele, o amava. O algoz está diante de vítimas que são seres humanos, mas que não lhe dizem respeito. Em geral há sempre uma ideologia, uma crença que o livra da culpabilidade, além da desumanização da pessoa no cativeiro, transformando-o num objeto, que é mais fácil eliminar sem culpa.

Mas quando se tece uma relação entre o algoz e a vítima, não há desumanização e talvez tenha sido isto que levou Deuch a conseguir a libertação de Bizot. Ele não poderia matá-lo. Além de ter se convencido que a vítima era inocente e que dizia a verdade, não era um espião. Mas, o que leva a vítima a estabelecer o laço com o carrasco, a simpatizar com ele? o que chamamos de Síndrome de Estocolmo?

Bizot desenvolve no livro esta análise, de como o medo pode nos levar à isto, de como o fato de inconscientemente vermos no algoz algo que temos em nós nos leva a nos identificarmos com ele. A vítima se liga ao algoz e muitas vezes passa a defendê-lo e até se recusar a depor contra ele. E foi justamente isto, ao ser convocado para depor contra aquele que lhe salvou a vida, que levou Bizot a esta análise profunda.

Um livro que nos leva a encarrar que o bem e o mau não são separados, não são duas coisas distintas, mas convivem juntos em cada um de nós. O silêncio do algoz que está em nós e não se manifesta devido a máscara imposta pela sociedade que com a educação e para a psicanálise o supereu, controla nossas pulsões, mas nada garante que não possa surgir e atuar, está ali.


François Bizot nasceu em 1940 em Nancy na França. É um antropólogo especialista em Budismo do Sudeste Asiático, diretor da École Pratique des Hautes Études e catedrático da Sorbonne. Chegou ao Camboja em 1965.


Deuch durante o julgamento. 

segunda-feira, 17 de março de 2014

LIVRO: A INTERPRETAÇÃO DO ASSASSINATO - JED RUBENFELD



Rubenfeld, Jed. Companhia das Letras, 2007
Tradução: Paulo Schiller
481 páginas
Título original: The interpretation of murder

Este livro se baseia em vários fatos verídicos e outros são fictícios, apesar de alguns serem inspirados em fatos reais.

Em 1909 Freud visitou a América à convite de uma Universidade para fazer conferências e desta forma divulgar a psicanálise. Neste momento ocorre um assassinato de uma jovem que não deixa rastros, mas em seguida uma outra jovem também sofre o mesmo atentado, porém ela sobrevive, mas está sem voz e memória. É quando entra em cena um jovem psicanalista Stratham Younger que está encarregado de recepcionar Freud e seus acompanhantes Ferenczi e Jung, que é indicado por Freud para ajudar Nora, a segunda vítima, com a psicanálise para que ela recupere a memória.

É um romance policial repleto de mistérios, muita ação, incógnitas que aos poucos vai se desvendando. Nora é imediatamente reconhecida pelos que conhecem a psicanálise como o caso Dora, que é real, apesar de algumas diferenças no enredo do romance, e que foi tratada por Freud em Viena. A psicanálise ajuda a desvendar o crime conjuntamente com a ação do detetive Jimmy Litlemore, personagem fictício também.

Ao mesmo tempo há um relato ficcional sobre a passagem de Freud pela América baseado em fatos reais, suas desavenças com Jung, suas impressões sobre a América, e a supervisão de Freud na análise que Younger faz de Nora. Outro ponto interessante é a análise de Hamlet e do Édipo.

Instigante, não se consegue largar o livro até saber o que houve, quem são os culpados e ao mesmo tempo uma pequena introdução à psicanálise atuando no campo da criminalística. Se por um lado o detetive desvenda o crime, a psicanálise o interpreta, e isto faz com que a leitura deste livro seja muito interessante devido a uma percepção maior dos porquês de um crime.

O autor desenvolveu extensa pesquisa para escrever o romance.

Jed Rubenfeld nasceu em 1959 em Washington. Graduou-se na Universidade de Princeton onde escreveu uma tese sofre Freud. Vive em New Haven e é um dos maiores especialistas em direito Constitucional dos Estados Unidos e professor na Universidade de Yale. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

FILME: A PELE QUE HABITO - 2011


Direção: Pedro Almodóvar - 2011 
Duração: 120 min
Título original: La piel que habito 
Roteiro: Pedro Almodóvar e Agustín Almodóvar 
País: Espanha 

Baseado no romance Mygale, renomeado como Tarântula de Thierry Jonquet e uma homenagem à escultora Louise Bourgeois. 

Ganhou o Bafta 2012 como melhor filme estrangeiro e o Prêmio da Juventude em Cannes 2011 


O filme retrata a situação limite refletida em dois personagens - Dr. Robert Ledgard (Antonio Banderas) e Vicente (Jan Cornet)/ Vera (Elena Anaya).

Robert é um reconhecido cirurgião obcecado por encontrar a pele  que resiste ao fogo, picadas de insetos, a tudo que possa vir do exterior. Apesar de alertado pelo diretor do Hospital sobre ser anti-ético o que estava fazendo ele persistirá. Esta busca se explica inicialmente por sua esposa haver sofrido um acidente de carro onde ficou com o corpo totalmente queimado, e mesmo com todas suas tentativas de salvá-la, ela acaba se suicidando. Ele dirá numa conferência que a pessoa precisa de um rosto.

Robert continuará com suas experiências, e em sua casa vive Vera que usa uma segunda pele e lhe serve de cobaia para suas experiências com peles que obtém através de métodos transgênicos e com sangue animal. Há também Marília, sua fiel empregada (Marisa Paredes) que cuida de Vera, mas percebe-se que esta está presa ali.



O filme inicia em 2012, mas retornará ao passado para que possamos compreender o que o levou a esta obsessão. Robert é filho de Matilde com um homem rico que o adotou pois sua esposa era estéril, mas ela também teve um outro filho com um empregado da casa que é chamado de Tigre. Uma mulher fria, distante, que cuida do bem estar do filho, mas não é amorosa. Tigre por sua vez cresceu nas ruas, como um animal abandonado, sem lar. Gal a esposa de Robert se apaixonará pelo meio-irmão de Robert e fugirão juntos, justamente quando ocorrerá o acidente com o carro se incendiando.

Robert e Gal tem uma filha, Norma (Blanca Suárez). Ao ouvir sua filha cantando Gal irá até a janela e então verá seu reflexo no vidro da janela e não suportando o que viu se suicida jogando-se pela janela e caindo em frente à sua filha que se traumatiza e passa a sofrer de fobia social.
Numa festa Norma começa a olhar um rapaz e acabam saindo para o jardim. Ela quebra o salto de seu sapato e o retira, também a blusa dizendo que não suporta roupas, ou talvez, a pele que habita, e isto instiga o rapaz a avançar. Fica  uma incógnita se ele efetivamente a estuprou, pois ele para quando ela começa a gritar Não! dá-lhe um tapa para fazê-la parar e foge. Seu pai a encontra e ela está desmaiada, porém ao acordar ela vê no pai o agressor.

Ela será internada, não suporta mais ver o pai, e acabará se matando, repetindo a mãe. Seu pai que viu o agressor fugindo irá atrás dele e o capturará, e como vingança o transformará na cobaia para seus experimentos, inicialmente com uma vaginoplastia, e o transformará em Vera, a mulher ideal, aquela que não o abandonará, que terá uma pele resistente à tudo.



Até aqui o que vemos é o lado limite de Robert. Um filho que não teve o amor, o contato da pele de sua mãe, e que perdeu suas mulheres. Primeiro a esposa para seu meio-irmão e depois ela e a filha pelo suicídio. Ele busca esta mãe que lhe falta, ele deseja uma mulher idealizada que não o abandonará, que resistirá a tudo. Por outro lado, ele não soube reagir as supostas ofensas, não se libertou da mãe e do desejo de ser amado por ela, não se vingou do meio-irmão e da esposa, não necessariamente em ato, mas no simbólico, mas ao contrário, ele tenta salvá-la e ficar com ela que novamente o abandona. E sua filha é a repetição de tudo isto, ela também o deixa.

Quando Tigre retorna ele estuprará Vera, mas desta vez quando Robert chega, ele o matará, vingando-se deste primeiro que lhe tomou a mulher e que ele não aceitou perder. Por outro lado Tigre tenta se apoderar do que supõe ser seu direito, do que poderia ser seu, se não tivesse sido abandonado pela mãe, e se vinga do meio-irmão conquistando sua mulher.

De outro lado temos Vicente, que tem uma mãe amorosa, que está apaixonado por Cristina que é homossexual e o rejeita como homem. Ele é sequestrado por Robert e se vê transformado num objeto, no objeto de gozo e desejo do cirurgião. Aqui temos o outro estado limite, como lidar com esta pele que habito mas que não é a minha, que não tem referências, que não tem marcas, ou seja, transformado num organismo, e não mais em um corpo. Uma pele fina totalmente resistente, um corpo de mulher. A primeira coisa que ele faz é tentar passar ao ato, fugir, se matar. Não consegue. Então ele começa através da Yoga a buscar dentro de si o que é, e usando restos de tecidos dos vestidos de Gal, com linha e costura ela vai esculpindo algo, através da escrita na parede ele tenta se reconstituir. Aqui a referência à Bourgeois, com seus morcelés, o corpo fragmentado.



Resta-lhe o agressor, a única coisa que lhe resta e ele se entrega ao gozo deste outro. Nas cenas finais, quando ele vê no jornal sua foto e a informação que sua mãe nunca desistiu de encontrá-lo, algo se reconstitui deste antigo Outro, e é o momento que ele para se livrar do carrasco e de ser objeto, ele mata.

Retorna para sua casa, Cristina é a primeira a saber o que lhe ocorreu. Ele usa o vestido que desejou ver Cristina usando e que ela por ser homossexual lhe disse para que vestisse, agora ele o veste, ela veste. Fica a pergunta, será que agora ele/ela poderá estar no lugar do desejo de Cristina?. E sua mãe, o aceitará como mulher? Fica a incógnita que Almodóvar nos deixa.

A presença da referência à Louise Bourgeois é belíssima e muito bem elaborada no filme, uma vez que a artista sempre trabalhou seu inconsciente e tudo que lhe era de dentro em suas obras, a dor, a frustração, o amor, o ódio, seus agressores internos, sua identificação, através do corpo que se expressa na arte. Bourgeois sentia o cruel e o trágico da existência humana.



Pedro Almodóvar

Música de Alberto Iglesias

Alberto Iglesias nasceu em 1955 em San Sebastián, Espanha. 

terça-feira, 11 de março de 2014

LIVRO: O REINO DO AMANHÃ - J.G. BALLARD



Ballard, J.G. Companhia das Letras, 2009
Tradução: José Geraldo Couto
366 páginas
Título original: Kingdom come

Richard Pearson é um publicitário que está desempregado e que acaba de perder seu pai que faleceu com uma bala perdida num tiroteio num shopping o Metro-Centre que fica na periferia de Londres, um mundo este que o próprio Richard ajudou a criar através do marketing e da publicidade gerando o anseio pelo consumismo.

Ele vai até esta cidade de subúrbio, Brooklands onde vivia seu pai para seu enterro e depois para cuidar do testamento, mas ele também começa a querer saber quem era este pai, uma vez que quase não tiveram contato devido a separação entre ele e sua mãe. Um piloto de avião aposentado que tinha em suas estantes de livros obras sobre o nazismo.

Aos poucos Richard vai se envolvendo nesta cidade periférica e percebe que tudo gira em torno do mega shopping que promove o futebol, outros esportes, e que mais se parece com um templo religioso do que com um mero centro de compras.

Além do mistério que envolve a morte de seu pai que ele tenta desvendar o que mais o instiga é a mente das pessoas que vivem ali e do que realmente acontece naquela região.

Um crítica mordaz ao consumismo, a vida que as pessoas levam atualmente onde não se cria um sentido, mas se vive no tédio, a busca de preencher estes vazios e tédio, onde um shopping e seu garoto propaganda nos lembram o fascismo, de como as pessoas se deixam levar por um líder em busca de algo que nem sabem ao certo o que é, desde que algo se modifique em suas vidas, desde que o tédio vá embora.

A agressividade latente, algo primitivo, que está por baixo de todos ali e pronto para explodir, ser canalizado por um líder carismático que saiba conduzir a turba. Eles usam camisetas com a cruz de São Jorge, focam inicialmente nos outros, os diferentes, os asiáticos, os de Kosovo, os estrangeiros e em seu comércio lateral, mas chegará o momento em que nem isto os satisfaz mais.

Um shopping, um templo, onde todos os produtos de desejo, de consumo acabam se tornando totens, e os displays santuários a serem idolatrados, como os três ursos emblemáticos que ficam no átrio do mega centro de consumo. Eles ficam tão sem sentido que passam a desejar ser aqueles objetos de adoração, introjetam o que os objetos representam como se introjeta um totem, sua força, seu significado, o sagrado.

Um livro para nos fazer pensar sobre a sociedade atual. Há talvez alguns exageros, mas nem tanto, a paranoia é algo muito fácil de surgir do nada. As pulsões coletivas que podem ser canalizadas para um foco, e com certeza já vimos isto antes. E Richard fica no meio, se por um lado ele percebe tudo isto, por outro não consegue deixar de se apoderar disto para seu ego se satisfazer profissionalmente.

Um grande alerta!

James Graham Ballard nasceu em 1930 em Xangai e faleceu em 2009 em Londres. Filho de pais ingleses foi para um campo de prisioneiros controlado pelos japoneses durante a segunda guerra mundial, o que ele conta em Império do Sol, apesar de que de forma ficticia e que foi transformado em filme por Steven Spielberg. Estudou medicina em Cambridge e foi piloto da RAF no Canadá. É um dos escritores mais perturbadores da atualidade. 

segunda-feira, 10 de março de 2014

FILME: ADEUS, MENINOS - 1987



Direção: Louis Malle - 1987
Duração: 105 min 
Título original: Au revoir, les enfants 
Roteiro: Louis Malle
País: França 

Ganhou o leão de ouro do festival de cinema de Veneza em 1987
Em 1988 ganhou 07 César. 

O filme é baseado em fatos da infância do diretor Louis Malle que aos doze anos estudava num colégio carmelita perto de Fontainebleau.

1943/44, Segunda Guerra Mundial, a França está ocupada pelos alemães e sua população se divide entre os colaboracionistas que ajudam os alemães , os que eram da ou a favor da resistência e os passivos. Julien Quentin (Gaspard Manesse) é enviado com seu irmão para o colégio dos padres cristãos. Julien não quer se separar de sua mãe (Francine Racette), e vai contra a vontade, triste após as festas de Natal. O padre Jean (Philippe Morier-Genoud) aceita quatro novos alunos e entre eles está Jean Bonnet (Raphael Fetjo) que vai para a turma de Julien.



Jean é um menino inteligente e quieto o que intriga Julien que se aproxima dele. Acabam se tornando amigos. Mas Julien estranha que Jean sempre tem dificuldades em responder as mais simples perguntas como por exemplo: quem são seus pais? onde você nasceu? o que seu pai faz?. Ele não sabe que seu amigo é judeu e está escondido no colégio dos nazistas.

Estes silêncios e segredos acabam causando algo estranho no outro, que não compreende estes vazios e faltas de respostas.

A gestapo chega ao colégio, alguém denunciou os garotos que estão ali escondidos. Na procura por eles Julien numa fração de segundo irá olhar para Jean, compreenderá que ele é judeu. Ele será preso e levado e morrerá nos campos de concentração, e Julien irá se culpar, pensando que aquele segundo que olhou para o outro o denunciou, o que de fato não ocorreu, uma vez que a gestapo já sabia quem eram os judeus, o cozinheiro que havia sido demitido do colégio por praticar o mercado negro e ser descoberto pelos padres, se vingou deles fazendo a denúncia.




O padre Jean também será levado, e ao sair ele dirá: Adeus, meninos!



Nenhum deles voltará. E o olhar entre Julien e Jean é de uma tristeza imensa, daquilo que poderia ser e nunca será. Um se vai levado pela guerra, o outro fica, mas está marcado por ela.

Louis Malle levou 43 anos para conseguir se lembrar de sua infância e a levar para as telas numa forma de catarse, de se expressar e colocar para fora o que tanto o angustiou.



Louis Malle nasceu em 1932 em Thumeries, França e morreu em 1995 em Beverly Hills, Califórnia, EUA. Formado em Ciências Políticas pela Sorbonne. 

Trilha sonora de Camille Saint-Saëns e Franz Schubert 

Camille Saint-Saëns nasceu em 1835 em Paris, França e faleceu em 1921 em Argel, Argélia. Foi um compositor, pianista e organista. 

Franz Schubert nasceu em 1797 e faleceu em 1828 em Viena, Áustria. 

FILME: CONDUZINDO MISS DAISY - 1989



Direção: Bruce Beresford - 1989 
Duração: 99 min
Título original: Driving Miss Daisy 
Roteiro: Alfred Uhry
País: Estados Unidos 

Adaptação da peça teatral de Alfred Uhry

Venceu o Oscar de melhor filme, melhor atriz e melhor roteiro. 

Atlanta, 1948, Miss Daisy (Jessica Tandy)  ao tentar dar ré com seu carro, um packard novo, o joga no jardim do vizinho. Seu filho (Dan Aykroyd) exasperado tenta convencê-la que é melhor ter  um motorista, mas ela não quer. Assim mesmo seu filho insiste e contrata um afro-americano, Hoke (Morgan Freeman).



Miss Daisy inicialmente se opõe e o trata friamente, mas aos poucos seus preconceitos e barreiras sociais irão caindo e ambos se tornarão amigos, uma amizade que durará por mais de vinte anos.



Um belo filme sobre as questões raciais, mas também sobre a amizade entre duas pessoas tão diferentes, mas solitárias, que conseguem se respeitar e compreender e fazer companhia um ao outro. Vale muito o tato que Hoke tem com Miss Daisy, mas ele também não abaixará a cabeça, conquistando sua confiança.


Bruce Beresford nasceu em 1940 em Sydney, Austrália. É um diretor de cinema australiano. 

Trilha sonora de Hans Zimmer 

FILME: CHICO XAVIER - 2010



Direção: Daniel Filho - 2010 
Duração: 123 min 
Roteiro: Marcos Bernstein
País: Brasil

Baseado no livro As vidas de Chico Xavier de Marcel Souto Maior 

Uma cinebiografia de Chico Xavier, o maior médium brasileiro, desde sua infância até sua morte. Desde criança ele ouvia vozes e via os espíritos dos mortos sendo desacreditado, mas isto continua e ao crescer ele começa a psicografar. Ele vai se tornando muito conhecido e procurado pelas pessoas, o que irrita o padre da cidade. Mais velho interpretado então por Nélson Xavier, participa do programa de TV "Pinga Fogo" onde conhece Orlando (Tony Ramos) que é ateu e sofre junto com sua esposa Glória (Christiane Torloni) pela perda de seu filho.



Chico Xavier escreveu mais de 400 livros e morreu aos 92 anos conforme havia previsto, num dia de festa para o Brasil, ele partiu silenciosamente, enquanto todos comemoravam o penta na Copa do Mundo.



Daniel Filho nasceu em 1937 no Rio de Janeiro

Trilha Sonora Egberto Gismonti - Iluminada

Egberto Gismonti em 1947 em Carmo, Rio de Janeiro. É um compositor brasileiro. 

FILME: AMOR E INOCÊNCIA - 2007



Direção: Julian Jarrold - 2007
Duração: 120 min 
Título original: Becoming Jane 
Roteiro: Kevin Hood e Sarah Williams 
País: Reino Unido 

Uma cinebiografia da escritora Jane Austen.

Em 1795 Jane Austen (Anne Hathaway) então com 20 anos começa sua vida de escritora. Seus pais  (Julie Walters e James Cromwell) desejam que se case com um homem rico, mas ela se apaixona por Tom Lefroy (James McAvoy). O candidato que seus pais desejam é o Sr. Wisley (Laurence Fox), neto de Lady Gresham (Maggie Smith) e não se conformam, principalmente Lady Gresham com sua recusa. Tom é um malandro que acabará se casando com outra mulher. Jane nunca se casará e viverá sua vida como escritora.

Com a desaprovação familiar Jane e Tom fogem, mas no meio do caminho ela irá se arrepender e retornará para sua casa. A era vitoriana, os casamentos  por interesse, Jane sonhava com um casamento por amor. O Tio de Tom também não aprovava o casamento, e deserdará o sobrinho caso ele insista nisto.

Seus livros se baseiam muito em sua experiência de vida, a ponto de me levarem a pensar qual é a realidade e qual é a ficção quando analiso os filmes baseados em seus livros, principalmente Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade.




Julian Jarrold nasceu em 1960 em  Norwich, Norfolk, Reino Unido.

Trilha Sonora - Adrian Johnston