sexta-feira, 11 de setembro de 2015

FILME: NINA! - 2014



Direção: Rafael Botta - 2014
Duração: 10 min


Curta-metragem de Rafael Botta, diretor bauruense é uma mostra do que sente uma mulher intensa e apaixonada. Toda a dor e angústia de uma separação. Ela está desnuda, despiu-se de todo o imaginário amoroso e cai num real de dor e também de paralisação de vida. A cena onde ela caminha pela rua vestida apenas com um casaco e nua por baixo, nua como está naquele momento. 

Ao nos apaixonarmos nos perdemos, mas estamos no outro, onde vemos ilusoriamente o que desejamos, vemos a nós mesmos. E entre este se perder e se achar paralisamos. Sensação de completude que não suportamos. Nos sentimos dominados pelo outro, mas no fundo somos nós mesmos nos dominando, o outro não tem este poder. E vem o desejo de escapar disto, respirar. É quando nos sentimos tentados ao suicídio para que o outro morra, este outro que somos nós e que está em nós, e que não toleramos mais. Chorar! talvez seja a melhor forma para sair disto, pelo menos é um passo. O choro tira algo de nós, ele escorre, é salgado, mas é bom.

Nina (Renata Sarmento)  nestes curtos 10 minutos vive tudo isto, sozinha, a dor é somente dela. Mas quando ela resolve olhar pela janela.....

Li alguns comentários sobre o curta, e vejo que muitos interpretam esta olhada pela janela como sendo uma nova possibilidade que se mostra, talvez um novo amor, a volta por cima. Mas me pergunto: não seria recair no mesmo? e novamente viver tudo isto, porque como é difícil o amor, como é difícil viver um amor sossegadamente. E  então recomeçamos, a eterna repetição. Prefiro ver esta olhada pela janela como - não sou só eu, não estou tão sozinha assim, não sou eu quem tem um defeito, todos nós somos faltantes, e temos um vazio dentro de nós. Todos nós buscamos algo que pensamos ter perdido e que nunca tivemos, mas é justamente esta falta que nos move. Resta aprender que a paixão é ilusória, é uma tentativa de fazer com que 1+1 seja igual a UM. E não será!

Prefiro ver esta olhada pela janela como se defrontar com seu vazio e sua solidão, mas saber ao mesmo tempo que todos nós somos assim, e que ainda assim é possível conviver com o outro, amá-lo, desejá-lo, sem que com isto desapareçamos, sem que com isto fiquemos tão nus à mercê do nada que nos aflige. Podemos sim construir uma história com isto, contá-la, como neste curta.

Participação de Luiz Felipe Sobral.


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