Rosa, João Guimarães. 20ª ed. Nova Fronteira, 1986
568 páginas
O que falar sobre esta grande obra prima que já não foi dito? Como exaltá-la mais? Prefiro falar da minha experiência de leitura deste grande livro, deste clássico da literatura brasileira.
Normalmente considerada uma leitura difícil, com muitos regionalismos, que para quem não é da terra, das Minas Gerais, do sertão, se torna muitas vezes um desafio. Sabendo disto optei por me lançar na leitura de corpo e alma, e acabei vivendo uma experiência nova para mim. Eu escutei o livro! Li o livro com os ouvidos, se é que isto é possível.
Talvez por ter passado por uma análise psicanalítica isto se tornou possível, não sei, mas o fato é que fiz isto de alguma maneira. Ouvi Riobaldo, atravessei com ele este Grande Sertão e suas veredas.
Riobaldo elege um interlocutor, alguém a quem falar, para rememorar sua vida recontando sua história de jagunço nos sertões, e com isto reescrevê-la, dar-lhe outro significado, reconstruir sua história, fazendo a travessia de seus fantasmas. E qual o maior deles? o que rege sua vida? O pai. Filho bastardo, busca encontrar a lei, o pai que se reflete em Zé Bebelo, Joca Ramiro, o interlocutor, Medeiro Vaz, seu padrinho, no diabo. Busca de uma identificação capaz de lhe dizer quem é, busca inútil, mas que todos fazemos.
Interessante o amor dele por Diadorim, que é uma mulher, mas ninguém o sabe. Melhor retrato de que sabemos e não queremos saber? O Olhar, outro traço que rege sua vida, onde ele reencontra o olhar de sua mãe.
Li o livro com o ouvido, ouvindo este relato, esta construção de uma vida, seus medos, seus amores, suas dúvidas, o ódio, a alegria, ouvindo: Viver é perigoso! Travessia.
João Guimarães Rosa nasceu em 1908 em Cordisburgo, Minas Gerais e faleceu em 1967 no Rio de Janeiro.
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