Houellebecq, Michel. Record, 2012
399 páginas
Tradução: André Telles
Título Original: La carte et le territoire
Este é o segundo livro que leio de Houellebecq e noto que há pontos que se repetem em relação ao outro - Submissão - já postado aqui no Blog.
Primeiramente o protagonista, um homem solteiro, que mora sozinho e que tem dificuldades de se relacionar com o outro. O distanciamento dos pais, ser inapto para o amor, a sexualidade, e um mundo moderno com suas supostas vantagens que acabam sempre não o sendo, o solitário, o isolamento. Outra característica é que o autor costuma colocar como personagens pessoas públicas e que ainda vivem, mas em forma de ficção, nem sempre correspondendo à realidade, e neste livro ele coloca a si próprio, o escritor Michel Houellebecq é um dos personagens.
Neste livro ao invés de François, um professor, temos Jean Martin, um artista plástico, que mora sozinho em Paris e tem seu pai já com certa idade que ainda mora na antiga casa da família. Após se aposentar, era um grande arquiteto, resolveu ir morar numa casa de idosos e finalmente optou pelo suicídio assistido que é permitido na Suíça.
Jean tem vários momentos em sua arte, a fotografia, a pintura à óleo, mas o que nunca imaginou é que um dia seria famoso e que suas telas valeriam fortunas. Tem uma relação amorosa com Olga, uma russa que está na França e que depois retorna ao seu país, ela o ama, porém ele em momento algum tem um gesto para retê-la ou pensar em ir com ela. Simplesmente deixa acabar.
É um retrato da modernidade, do vazio, da melancolia, onde as relações perdem seu verdadeiro sentido e são apenas vividas no momento sem criar laços. O mundo da arte, as frivolidades, o dinheiro. Um dos principais pontos de Houellebecq em seus livros é o mercado de consumo e neste livro vamos encontrar várias passagens onde diante de algo vital para a existência se dilui em pensamentos fúteis, em análises sem profundidade.
O que marca no livro é perceber que Jean se torna um artista famoso e vale muito dinheiro, porém, será arte mesmo o que ele faz? ou será o merchandising que o tornou famoso? E ele ao invés de se pavonear com isto e viver a fama se isola cada vez mais. Não posso deixar de pensar que quando um artista dá seu suor e cria uma obra ele não pode ficar indiferente, há algo de produzido neste boom pelas obras de Jean e que não foi ele quem fez isto.
Apesar de ser este o livro que ganhou o Prêmio Goncourt, eu prefiro Submissão, que veio depois, onde a realidade do mundo moderno se apresenta com questões muito atuais, sendo que este O Mapa e o território, conta uma história que nos mostra o retrospectivo, a diferença que podemos imaginar entre o que foi e o que é. Entre o antes do mundo do consumo e o de hoje.
Michel Houellebecq nasceu em 1956 em Reunião, França
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