Documentário produzido pela BBC em 1999 dividido em 03 episódios e conta a história de três filósofos: Friedrich Nietzsche, Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre.
I- Friedrich Nietzsche - Além do bem e do mal
Nietzsche é tão importante quanto Marx, Freud e Einstein na evolução do modo como as pessoas pensam no século XX e XXI.
Com a entrada na modernidade há o que Nietzsche chama de a morte de Deus e com isto o enfraquecimento das certezas morais e intelectuais. O que é certo e o que é errado? o que é bem e o que é mal? A igreja era o árbitro da moral, a guardiã da verdade moral. Hoje não somos mais determinados por forças exteriores, a vida é algo para ser construído e somos responsáveis por isto. A filosofia de Nietzsche não é um guia para quem pensa como ele, mas sim é um guia para quem pensa por si mesmo. Ele nos incita a pensar.
Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken. Seu pai era pastor. No seu batizado o pai perguntou o que seria desta criança , o bem ou o mal? Nietzsche tentará vencer esta dicotomia, relacionando o bem e o mal, para torná-los dependentes um do outro.
Teve um infância feliz até 1847, quando estava com 05 anos e seu pai morreu. Um ano depois foi seu irmãozinho que morreu. Então ele se questiona: porque Deus punira seu pai com tanto sofrimento. Surgem as dúvidas sobre o cristianismo.
Após a morte de seu pai e irmão muda-se com a mãe e a irmã Elizabeth para Naumburg e foi enviado para o internato de Schülpforta de tradição em educação religiosa. Após estas perdas ele mudou muito, passou a buscar a solidão.
Foi estudar teologia na Universidade de Bonn com a ideia de ser pastor. Em 1865 num domingo de Páscoa recusou-se a comungar. Neste ano abandonou sua vocação religiosa para estudar línguas como filólogo clássico. Em uma carta para sua irmã explica que há os que creem e os que buscam.
Em 1869 foi nomeado professor de filologia clássica na Universidade de Basiléia.
Havia se libertado das amarras do cristianismo e buscava algo para substituí-lo. Sem o cristianismo a dor e o sofrimento humano não fazia sentido (castigos pelos pecados). Procurou então na filosofia e encontrou em Schopenhauer, que é uma filosofia pessimista, Para escapar do sofrimento há a arte, principalmente a música diz Schopenhauer e Nietzsche encontra isto em Richard Wagner. Assistiu três vezes a ópera Tristão e Isolda e se identificou com o sofrimento deles.
Wagner se torna um pai substituto. Na arte deste Nietzsche viu a possibilidade de um renascimento da ultura européia baseado no modelo grego clássico da tragédia. ("O nascimento da tragédia"). A música de Wagner representa o ideal pré-cristão simbolizado pelo deus grego Dionísio. A cultura dionisíaca era selvagemente enérgica, musical. Era associada à embriaguez, intoxicação, os excessos, a alegria e a mais absoluta insensibilidade à tristeza, à dor e à tragédia.
Nietzsche sofria debilidades, era míope, contraiu sífilis apesar de nunca ter falado isto em público, aos 30 anos estava parcialmente inválido, sentia dores de cabeça fortíssimas, e ficava vários dias de cama. "Surpreendo-me o quão difícil representa viver". Sua enfermidade vai ser um ponto de mudança decisivo em sua vida.
Em 1876 ocorre a inauguração do grande teatro de Wagner em Bayreuth. Nietzsche sai depois do primeiro ato sentindo náuseas, o que é simbólico e um sintoma físico que expressava um estado psicológico. A relação com Wagner fica tensa, ele não aceita o nacionalismo deste. Ele precisa de sua filosofia.
Deixei de ser pessimista nos piores anos de minha vida. O instinto de auto-reparação proibiu-me uma filosofia de pobreza e desalento. Afasta-se de Schopenhauer.
O autodomínio e o autoconhecimento está no corpo. O cristianismo baniu o corpo da cultura. O físico e o psicológico tem relação com a nossa forma de pensar. A vontade de poder é o fazer-se a si próprio.
Nietzsche libertou-se das tradições e das opiniões que não eram suas. Condena-se a uma solidão selvagem. Renuncia a seu lugar de professor na Universidade e muda-se para St. Moritz nos Alpes Suíços. Nos próximos dez anos viverá no verão nos Alpes e no inverno na Riviera francesa ou italiana.
O super-homem é transcender-se a si mesmo, superar-se, buscar um novo caminho, mas dentro do que é humano. O Nazismo corrompeu isto por causa da irmão de Nietzsche, Elisabeth, que promovia o ideal ariano. Mas o super-homem de Nietzsche não é o homem superior, a raça superior. É o humano, a humanidade que está incluída nisto.
Em 1888 vai viver em Turim na Itália. Em janeiro de 1889 sofre um colapso em uma rua de Turim. Foi para um sanatório e depois para a casa de sua mãe. É declarado louco e sua irmã cuida dele em Weimar. Morreu em 1900 de uma infecção pulmonar.
Elisabeth controlou por 30 anos o legado literário do irmão e tentou promover falsamente o filósofo como um pensador nazista.
Participam do documentário:
- Ronald Hayman - Biógrafo de Nietzsche
- Leslie Chamberlain - Biógrafa de Nietzsche
- Andrea Bollinger - Arquivista
- Reg Hollingdale - Tradutor
- Will Self - Escritor
- Keith Ansell Pearson - Filosofo
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