Direção: Andrew Wagner - 2007
Duração: 111 min
País: Estados Unidos
Adaptação do livro homônimo de Brian Morton
Leonard Schiller (Frank Langella) é um velho escritor que tenta escrever um último romance. Ele já fez muito sucesso, mas foi esquecido. Uma jovem acadêmica, Heather (Lauren Ambrose), deseja escrever uma tese sobre ele e o procura. Inicialmente ele resiste pois não tem muito tempo e quer continuar escrevendo, mas ela é insistente e ele acaba aceitando responder suas perguntas.
Heather lhe diz que deseja reintroduzi-lo no mundo literário e para isto sua tese é importante, mas precisa poder adentrar em seus pensamentos e na maneira como ele escreve seus romances o que leva Leonard a recordar seu passado, mas há coisas que ele prefere não falar e a implacável jovem não se intimida, seu único objetivo é sua tese e para isto usa de formas abusadas, chegando mesmo a tentar seduzi-lo, o que obviamente mexe com este homem, que apesar de idoso, está vivo. Ela irá descobrir coisas de sua vida e lhe dirá cruamente. Ela leva em conta apenas seus primeiros romances que a agradaram porque a ajudaram em um momento de sua vida, e quer compreender porque ele mudou seu estilo, o que ela não aceita, e em sua soberba juvenil não percebe que as coisas mudam e que estes outros romances podem agradar a outras pessoas, como de fato agradam.
Ariel (Lili Taylor) é a filha de Leonard que mora sozinha e que ligeiramente desconfia desta jovem impetuosa, mas ela está envolvida também em suas questões amorosas e no desejo de ser mãe e ter uma família. Ela termina seu romance com Vitor quando ele decide pedi-la em casamento, pois o que deseja é ter um filho sozinha e não se casar com ele, mas é justamente neste momento que retorna a cidade após 05 anos seu antigo namorado Casey Davis (Adrian Lester) por quem ela ainda é apaixonada.
Aos poucos todos eles irão se confrontar com suas questões e ter que tomar decisões sobre ceder ou não às demandas do outro, ao desejo do outro ao invés de ao seu próprio.
Será após sofrer um AVC que Leonard irá repensar sua vida e ter uma atitude para com Heather que aplaudi.
O filme faz um retrato também do que é ser um escritor independente, que não se dobra à mídia ou ao que as editoras compram, como vemos num momento do filme em que um amigo de Leonard lhe diz que o respeita muito para enganá-lo, que sua editora só se interessa por livros de auto-ajuda e outros assim. Infelizmente percebemos no mundo atual o desaparecimento de grandes escritores que não são mais editados, que encontramos apenas nos sebos, mas alguns novos ainda conseguem se manter sem cair neste mercado de consumo.
Heather no fundo não está interessada no sucesso de Leonard, ela quer se projetar como crítica, mas sem levar nada em consideração, nem o ser humano que está diante dela, e nem mesmo o gosto dos outros, pois quer moldar a escrita dele de acordo com o que ela deseja ler e lhe agrada, e no fundo me pergunto se muitos críticos não fazem isto, desapreciando excelentes livros porque não lhes interessam. A questão é que cada leitor tem um mundo próprio e costuma se projetar no livro. Independente das normas técnicas, para mim a grande literatura é aquele que consegue ser um espelho do mundo, refletir o que se passa na alma do ser humano, e não posso desconsiderar neste caso livros que refletem vidas que eu não gostaria de ter ou não conheço.
Heather quer saborear o sucesso de relançar um escritor de acordo com o que ela acha que ele deve escrever, e para isto não se abstém de feri-lo, magoá-lo, cutucá-lo, acreditando que com isto ele voltaria a ser o escritor que foi quando jovem, aquele que ela quer.
Andrew Wagner é um diretor de cinema americano
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