sábado, 14 de maio de 2016

FILME: ROMERO - 1989



Direção: John Duigan - 1989
Duração: 102 min
País de Origem: Estados Unidos

O filme Romero nos mostra a situação de El Salvador em 1977 frente a uma crise de poder em um país onde o povo vive na miséria. A igreja se mantém distante alegando que é a vontade de Deus, o que gera o conformismo e a alienação, conforme Marx já nos alertava. Porém alguns padres não concordam com isto e se aliam ao povo acreditando que seria o que Jesus teria feito e alegando que no fundo a Bíblia é revolucionária. A situação piora, os militares ganham a eleição, como ocorreu em vários países da América Latina neste período, e passam a eliminar os que se opõem a eles, baseando-se supostamente na lei e na ordem a serem mantidas e na garantia da perpetuação do capitalismo, que beneficia os ricos e mantém o povo na pobreza. Romero (Raul Julia) que no início era visto como o padre certo para ser o arcebispo devido sua pacificidade, diante do que vê começa a repensar sua posição e começa a lutar pelo povo seguindo o preceito que a fé exige que se mergulhe no mundo e que a igreja se identifica com os pobres. Acaba assassinado em 24 de março de 1980. 
Esta é uma situação que se repetiu em outros lugares, no Brasil temos vários padres que também lutaram contra a ditadura ajudando ao povo, aos familiares dos desaparecidos, falando em nome da paz e do amor.

Romero vivia voltado para a reflexão, leituras, e acreditava na paz, porém ao entrar em contato com a realidade de eu país e dos pobres que sofriam, ao perder para a ditadura amigos como o Padre Rutílio Grande (Richard Jordan) assassinado, ver outros serem torturados, ele começa a mudar sua posição e a lutar contra o governo militar. 

A situação de El Salvador é a mesma de inúmeros outros lugares que passaram e passam por um regime ditatorial, porém adepto do capitalismo. A aristocracia almeja viver como os americanos e para isto explora os pobres. Romero acredita que a igreja se identifica com os pobres, diz que a fé exige que se mergulhe no mundo, se torna um adepto da teologia da libertação. 

Sou a favor de um Estado laico até mesmo para ser justo com todos os que vivem no país garantindo a liberdade de cada um por optar ou não por uma religião. Porém a igreja não precisa ficar isenta do que se passa no país, deve defender aquele que está desamparado, com medo e que busca um apoio, um consolo por sua situação e uma luz para sair de sua atual situação.

Diante disto se pode dizer então que a igreja não pode estar separada do Estado e deve intervir, mas podemos também pensar que a igreja em seu papel espiritual e formadora de sentidos deve acolher as pessoas diante de suas dificuldades, dores, desespero, medo, mortes, pobreza, sem com isto se imbuir na política, mas sim, agindo ao lado do povo, uma vez que a igreja se identifica com os pobres seguindo o exemplo de Jesus, neste caso específico por se tratar da igreja católica no filme.
  


John Duigan nasceu em 1949 em Hartley Wintney, Reino Unido. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário