Direção: Roberto Berliner - 2015
Duração: 108 min
Após sair da prisão, foi presa por suspeita de ser comunista, Nise da Silveira (Glória Pires) volta a trabalhar em um hospital psiquiátrico, o Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II - Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Ela retorna quando está em voga os novos tratamentos com eletrochoques e a lobotomia. Assiste a apresentação de um psiquiatra que demonstra com um paciente os efeitos do tratamento com choques. Aquilo a choca profundamente e é incapaz de aceitar isto. Por isto a única opção que lhe resta é o Setor de Terapia Ocupacional que é de responsabilidade dos enfermeiros.
Ela encontra um ambiente desolador, bagunçado e sujo. A primeira coisa que faz é limpar e organizar o lugar. Apresenta aos médicos sua proposta, uma vez que eles são os responsáveis pelo tratamento dos internados, e não há receptividade, mas mesmo assim alguns pacientes lhe são encaminhados. É o início de uma nova maneira de se tratar a doença mental, tratando ao doente de forma digna e humana.
Nise irá lutar com a resistência dos médicos que se baseiam muito mais no organismo, o cérebro, sem levar em conta a afetividade, as relações humanas. Até hoje a ciência foca no organismo e não no psiquismo, visto a utilização de remédios para "curar" a depressão, a ansiedade, ou qualquer outro transtorno.
A incapacidade de enxergar os resultados, considerar isto como ocupação e não um tratamento, olhar para os desenhos e pinturas e não ter a sensibilidade de captar o simbólico que está ali no lugar da palavra. A necessidade da paciência e da observação do psiquiatra e deixar o cliente como Nise passa a chamar os internados livre para fazer o que deseja, é mais fácil os eletrochoques, a lobotomia, os remédios. O caminho da melhora e da cura é longo para aquele que está na escuridão de sua mente, de seu psiquismo, cindido, e tentando um contato com o mundo a sua volta. O psiquismo sempre procura se recompor, e é isto que ocorre nos sonhos, nos desenhos, nas pinturas, nas esculturas. Nise acompanha cada um na sequência do que vai produzindo, é ali, nesta trajetória que ela lê e compreende o que se passa, percebe a melhora, as tentativas de falar.
Os que participam do projeto de Nise aos poucos melhoram, alguns chegam a voltar para suas casas, sua família, a agressividade diminui, o distanciamento diminui. É lamentável a falta da compreensão do hospital com os animais, cães encontrados na rua que são dados aos clientes para que cuidem deles, levando a uma crueldade de matá-los por envenenamento. Um dos internos surta neste momento, e será feito uma lobotomia nele.
Um famoso crítico de arte verá as obras e ficar impressionado. A partir deste momento será levado ao público esta produção, mas Nise nunca permitirá a venda delas, pois ali não se trata de uma obra para venda, mas todas tem seus significados psiquiátricos, e devem ser vistas no conjunto.
Entre os que se destacaram artisticamente estão Adelina Gomes (Simone Mazzer), Carlos Pertius ( Julio Adrião), Fernando Diniz (Fabrício Boliveira), Lucio (Roney Villela), Otávio (Flávio Bauraqui), Raphael (Bernardo Marinho) e principalmente Emygidio de Barros (Claudio Jaborandy).
O filme foca no tratamento pela arte que Nise desenvolve apoiada em Jung, principalmente devido as mandalas que os internos desenham. Nise é uma mulher admirável, e por sorte, teimosa, persistente, diante dos médicos todos homens, machistas, e da sociedade que até os dias atuais tem medo do que chamam de loucos, e tem preconceitos com doenças mentais.
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