Kristeva, Julia. Verus, 2010
83 páginas
Título Original: Au commencement était l'amour: psychanalyse et foi
Tradução: Leda Tenorio da Motta
"Para
que a fé seja possível, é preciso sem dúvida que esse salto
"semiótico" para o Outro, essa identificação primária com os polos
parentais arcaicos, próximos do continente materno, não seja recoberto pelo
recalque nem deslocado para a construção de um saber que, conhecendo-lhe o
mecanismo, o haveria de sepultar. O recalque pode ser ateu, o ateísmo é
recalcador, ao passo que a experiência analítica pode levar, por sua vez, a um
abandono da fé em conhecimento de causa". (pg.39).
Freud nos lembra que o homem é um ser religioso, precisa crer em algo. A
religião dá sustentação ao ser humano, ele crê em algo, acredita que irá
receber algo, será protegido. Kristeva lembra que Santo Agostinho chega a
comparar a fé do cristão em seu Deus às relações do bebê com o seio da
mãe.
Kristeva nos lembra que é preciso crer para chegar ao saber, como um bebê precisa confiar e crer em sua mãe, sem isto não haveria como ele sobreviver. E isto não é infantil, é um fundamento do ser humano diante da vida, uma maneira de lidar com o caos, o incompreensível, o inaceitável. Sim, o saber pode sublimar a fé, mas este saber não é possível sem a princípio termos fé em algo.
Julia Kristeva nasceu em 1941 em Sliven, Bulgária, nacionalizou-se francesa, é uma filosofa, escritora, psicanalista e crítica literária.
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