Direção: Maryanne Zéhil - 2012
Duração: 95 min
País de Origem: Canadá
Filmado no Canadá e Líbano
Marie Simard (Nathalie Coupal) é uma editora que vive em Québec. Ela passa a receber diariamente envelopes que são deixados embaixo da porta da editora de alguém que conta sua história do que aconteceu no Líbano, os massacres que assistiu inclusive de sua família em dois campos de refugiados palestinos - Sabra e Chatila. Ela logo vai descobrir que quem lhe envia os envelopes é Joseph (Joseph Antaki) , um pintor que trabalha na editora. Ela quer publicar o testemunho, mas algo acontece que a faz ir pessoalmente ao Líbano para poder compreender finalmente esta história.
Por outro lado Marie também vive um momento difícil, sua mãe está em coma no hospital. Ela tem uma mágoa profunda e não consegue perdoá-la. Quando jovem a mãe a fez abortar o filho de um namorado e ela acabou estéril o que mais tarde destruiu seu casamento com um homem que ela amava por não poder ter filhos. Há um jogo aqui, pois se realmente o marido a amasse não a teria deixado por outra mais jovem que lhe deu filhos, mas é assim que ele a responsabiliza pelo fim do casamento e ela aceita. Marie bebe muito para esquecer.
Joseph aceita trabalhar com Marie para a publicação de seu testemunho, aos poucos vamos vendo o passado dele, o massacre, a morte de deu pai e irmãos por cristãos vizinhos, a fuga dele, da mãe e uma irmã até se esconderem num convento que os acolheu. Mas há algo que Joseph não pode contar. É o final desta história que irá se produzir a seguir quando Joseph efetua a vingança pedida pela sua mãe e mata os assassinos de sua família que agora também vivem no Canadá. É após isto que Marie parte para o Líbano, para compreender este ato.
Lá os cristãos mortos por Joseph são considerados mártires. Suas fotos estão nas paredes. Marie vai até o convento onde a freira lhe conta a história do que se passou anos atrás com mais detalhes. Finalmente Marie vai procurar a mãe de Joseph e será dela que ouvirá que se trata de vingança para manter a honra e a dignidade de sua família e de seu povo.
Ao retornar para Québec há um último envelope de Joseph. Ele então relata seu ato, mas deixa uma mensagem de esperança e perdão. Diz que o fez para que ocorra uma ruptura neste círculo de vinganças, para que seus filhos não precisem matar ninguém e possam ser felizes. Joseph se suicidou.
A questão que o filme também enfoca, mas de forma infelizmente superficial é a questão da Mãe. A de Marie que lhe impôs um aborto se colocando como responsável por sua fertilidade e feminilidade, a de Joseph o instrumento da vingança que obriga o filho a cumpri-la.
O filme me lembrou outro - Abril Despedaçado - onde sempre há a vingança e se espera por ela, que ocorre no Nordeste Brasileiro, mas também a mensagem do amor, de encerrar o círculo como neste filme quando Rodrigo Santoro o ator do filme toma um caminho diferente e no filme Incêndios, também no Líbano, quando a mãe escreve as duas cartas.
É um belo filme, mas menos profundo e intenso do que estes dois que acabo de citar, mas vale a pena assistir.
Maryanne Zédhil nasceu em Beirute, Líbano
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