Direção: Ben Lewis -2013
Duração: 89min
Título original: Google and the world brain
Trata-se de um documentário sobre a digitalização de todos os livros do mundo, projeto do Google para disponibilizar na internet o acesso a todos os livros que existem nas bibliotecas. A questão que se levanta é se isto é bom e para quem é bom?
Em 2002 a Google deu início a este ambicioso projeto que sempre foi um sonho da humanidade, começando pela Biblioteca de Alexandria, mas apesar de sua alegação de estar fazendo um bem para todos há muitos que não concordam com isto, uma vez que a Google não é uma ONG e sim uma empresa comercial. Além disto há toda a questão dos direitos autorais,e os escritores e editoras entraram com processos na justiça contra o projeto.
O documentário faz referência ao "Cérebro do mundo" de HG Wells que previu isto em 1937, e a google criou o google books. Vemos vários pontos de vista e entrevistas sobre o projeto e também sobre a ação que ocorreu em New York onde o juiz Chin considerou o projeto "injusto, inadequado e irracional."
Não sou a favor de monopólios, porém foi o Google que tornou esta digitalização em grandes quantidades possível com sua tecnologia. Como toda vez que surge algo novo e diferente sempre haverá os que serão contra e a favor, mas uma coisa é certa, a tecnologia e o virtual já não é o futuro, é o presente. O que precisa é encontrar outras formas de remunerar os escritores, como também os músicos, os atores, pois não se trata apenas de livros, mas de música e filmes que a internet disponibiliza e torna acessível a todos. Por que para aquele que está num grande centro é fácil ter acesso,mas e os que não estão nestes locais? E também em muitos países a cultura tem um preço elevado considerado em relação ao salário que se recebe. Também há a questão da preservação das obras, pois o papel sofre um desgaste natural, além de outros perigos,como por exemplo, governos radicais que queimam livros ou acidentes como terremotos, incêndios, inundações.
A internet tem possibilitado outras coisas, como por exemplo, músicos, cantores ou escritores que antes jamais teriam acesso ou poderiam publicar um livro ou ter sua música conhecida pois o crivo das gravadoras e editoras impedia isto. Hoje isto mudou, todos podem colocar um vídeo na internet ou publicar um livro, e com isto ter ou não seu talento reconhecido. E outro ponto, a disponibilização das obras esgotadas que não conseguimos mais encontrar nem em sebos. Neste ponto as editoras também se preocupam apenas com seu lucro e não com a divulgação do conhecimento, reeditando apenas os livros vendáveis e em certas quantidades.
Recentemente vi a história de uma senhora idosa que tem dificuldades de se locomover e não tem quem a leve dizer que a possibilidade de ter acesso pela internet a várias opções culturais mudou sua vida. Isto também deve ser pensado. Eu pessoalmente ainda gosto muito do livro impresso, gosto de levá-lo comigo, de cheirá-lo, virar páginas, mas não deixo de pensar naqueles que moram em locais onde não há livrarias ou há apenas uma que nunca possuirá todos os títulos que uma mega livraria possui. Há o aspecto ecológico, livros são feitos de papel e papel é feito de madeira - árvores.
Os direitos autorais devem ser respeitados, mas uma obra de arte é feita para o público e tem que estar acessível ao maior número possível de pessoas, de qualquer poder aquisitivo. Volto a repetir, o que é necessário é encontrar novas formas de remunerar os criadores, até porque eles vivem disto e senão ganharem seu sustento irão parar de produzir também. Como as editoras, como os provedores, como os que investem em tecnologia.
É fantástico poder ter acesso a um livro que está lá num mosteiro na Espanha que de outra forma muitos não teriam, mas também é fantástico essas pessoas que escrevem, compõem, tem ideias, criam algo, e elas devem ser incentivadas, reconhecidas e ganhar sua vida com isto. É fantástico estas pessoas que desenvolvem tecnologias com as quais não podíamos nem sonhar há 30 anos atrás. Quando eu era criança o computador era algo inimaginável, e pense então o que era um tablet, um notebook, um micro em casa.
Quanto a privacidade infelizmente é um preço que estamos pagando, hoje quando se instala um telefone em casa passamos a receber chamadas de vários fornecedores com os quais nunca tivemos contato. É irritante, concordo, ainda mais que é repetitivo, mesmo se dizendo Não. Este é outro ponto que precisa ser melhor avaliado e tem que surgir novas regras para isto. A lei sempre vem depois dos fatos.
O diálogo existe para isto, por isto este documentário é importante, ele mostra vários pontos de vistas, e nos deixa a opção de pensar a respeito.
Ben Lewis
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