Direção: Werner Herzog - 2010
Duração: 90 min
Título Original: Cave of forgotten dreams
No sul da França foi descoberto em 1994 uma Caverna que estava fechada após um desmoronamento. É a Caverna de Chauvet em Pont D'Arc, com mais de 400 metros de extensão, 32 mil anos de existência e com pinturas rupestres de 424 espécies de animais, além das formações que ocorreram no correr dos anos, pegadas, caveiras de animais, restos de carvão, arranhados de ursos nas paredes, e uma pedra que pode ter sido um altar.
O diretor Werner Herzog conseguiu autorização para filmar na caverna respeitando todas as restrições e cuidados necessários a um patrimônio destes. Este filme talvez seja a única maneira que teremos de ter acesso a este outro mundo que está no nosso mundo.
As pinturas são impressionantes, fiquei observando e com poucos traços atingem uma perfeição da proporção do animal, parece que vejo os músculos. Há vários traços que dão a sensação de movimento, além das sombras projetadas pelo fogo ou pela luz agora. O silêncio da gruta, que infelizmente no documentário dura muito pouco, logo interrompido com sons de coração batendo e música durante a passagem das pinturas. Gostaria de estar lá e ver como é realmente sem nada disto.
De qualquer maneira o filme já nos traz uma sensação estética belíssima,mas vai além, por que não há como não se questionar sobre tudo isto. Por que pintaram? por que estes motivos? Há algum fundamento religioso? seria magia? arte? espiritual? ou nada disto?
Não há como responder a estas questões. Os cientistas podem datar, classificar os materiais, dar nomes, mas responder como era, por que fizeram as pinturas e qual seu significado, nunca poderemos saber.
Na caverna se entra no terreno do imaginário onde o tempo e o espaço não tem mais nenhum sentido.
As categorias podem mudar e a forma como compreendemos hoje um cavalo, uma mulher, um leão podem ser totalmente da forma como eles compreendiam. Pode não haver barreiras entre eles e o mundo espiritual, como nós temos. Não há como nossa mente atual captar o significado das pinturas e do que ocorria ali, captar o que são estas representações, se é que podem ser consideradas representações. Não poderiam ser o real? não pintariam o real, não pensando em representar algo, mas como uma magia que está atuando?
Tendemos a analisar tudo por nossos padrões, e que já há diferenças entre os padrões ocidentais e orientais atualmente, imagine então o que era naqueles tempos? Fiquei observando, porque só animais? e uma única mulher com cabeça de touro? onde estão os rios, árvores, plantas? por que focavam nos animais? Li uma vez que estas pinturas seriam atos mágicos vivenciando o real da caça e que surtiria um efeito simpático na caça logo após e que por isto eram feitas no escuro dentro de cavernas, para que os animais não vissem. Novamente não há como ter certeza disto.
Mas há algo que a caverna provoca nos que lá estiveram, é a sensação de estar naquele tempo e que estão sendo observados pelos homens pré-históricos.
Um documentário muito interessante e que nos traz sensações diferentes. Não pude deixar de pensar numa metáfora com o inconsciente. Aqueles poucos traços que nos fazem ver a imagem por completo é como os traços que temos no inconsciente que adquirimos na infância e que depois regem nossa vida toda, a menos que os decifremos para podermos compreender.
A caverna tem o nome de seu descobridor.
Werner Herzog nasceu em 1942 em Munique, Alemanha
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