Direção: Max Färberböck - 2008
Duração: 131 min.
Título original: Anonyma eine frau in Berlin
País: Alemanha
Baseado no livro homônimo de autoria desconhecida. Baseado em fatos reais.
Já postei sobre o livro no Blog que li alguns anos atrás. Em 1945 Berlim cai sob os russos, Hitler se suicida, o fim da guerra se aproxima. A cidade está destruída.
Uma jornalista (Nina Hoss) e várias outras mulheres e alguns homens alemães estão encurralados ali. A maioria é fascista. A jornalista irá escrever em seu diário todos os eventos ocorridos.
Os soldados russos iniciam uma série de estupros, não há ninguém para proteger as mulheres. É o butim da guerra. A Jornalista decide então que nada nem ninguém irá conseguir magoá-la, e opta então por ter um protetor, o que muitas mulheres irão fazer, pois assim se tornam proibidas para os outros soldados, são protegidas e recebem comida. É a sobrevivência.
Mas serão mulheres marcadas por toda sua vida. Deverão se calar, pois quem irá querê-las depois? Entre elas até riem, se divertem sobre os homens, e a pergunta que sempre se fazem: Quantos? Quantas vezes?
Ela será a protegida do major russo Andreij Rybkin (Evgeniy Sidikhin) que perdeu sua esposa na guerra, foi enforcada pelos alemães. Os russos falam das atrocidades cometidas pelos alemães, eles não provocaram esta guerra, tiveram que defender seu país e suas famílias. Alguns perderam tudo.
A Alemanha se rende, é o fim da guerra, restam os destroços. O marido da jornalista retorna, mas não aceita o que ocorreu, diz ter nojo dela. Outro marido se mata.
Os homens tem traumas de guerra, mas são compreendidos pelos seus pares, mas as mulheres que sofreram os estupros são estigmatizadas, condenadas, são prostitutas e ficarão com esta marca para sempre.
Quando o livro foi publicado em 1959 foi um escândalo, muitos disseram que era um insulto às mulheres alemãs. Novamente a negação. Ela proibiu que o livro fosse reeditado, o que só ocorreu após sua morte em 2003, hoje sabe-se que a autoria é de Marta Hiller.
Estima-se que dois milhões de mulheres tenham sido estupradas na Alemanha após a guerra. O silêncio se impôs pois do contrário seriam renegadas pela sociedade, não se casariam, não seriam respeitadas, seus maridos não iriam querer ficar com elas, como ocorreu no filme. O estupro é uma forma de humilhação e poder sobre o derrotado, mas o que não se leva em conta é o trauma que a vítima carrega para sempre. Enquanto outras atrocidades são estudadas e acompanhadas, o estupro é um assunto tabu, seja na guerra ou não.
Muitas mulheres se suicidaram ou cogitaram fazê-lo, algumas engravidaram e tiveram filhos que foram apelidados de "moleque russo" pela sociedade, criando mais um trauma, desta vez para o filho. Marcas, marcados como gado.
O grande mérito deste filme é trazer a tona este assunto e possibilitar que se dê a devida atenção ao trauma que estas mulheres sofreram e sofrem.
Não se trata aqui de falar sobre o fato de que eram alemãs e fascistas. Muitas mulheres alemãs nazistas cometeram atrocidades, e os judeus também ficaram marcados para sempre. Os soldados alemães mataram crianças e mulheres, e isto é dito no filme. Mas, trata-se de falar de algo que ocorreu e que também tem suas consequências, e nem todas as alemãs eram nazistas, ou cometeram atrocidades, apenas acreditaram num homem que lhes prometeu um futuro glorioso e que no fim se suicidou deixando seu povo com o que sobrou desta guerra e suas consequências.
Max Färberböck nasceu em 1950 em Degerndorf, Münsing, Baviera na Alemanha.
Trilha sonora de Zbigniew Preisner
Zbigniew Preisner nasceu em 1955 em Bielsko-Biala, Polônia. É um compositor. Estudou história e filosofia em Cracóvia.
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