Direção: Cate Shortland - 2012
Duração: 109 min
País: Alemanha - Austrália - Irlanda - Reino Unido
Baseado no livro de Rachel Seiffert - A Câmara Escura - Revelação comovente de uma dolorosa herança nazista. - The dark room.
1945, a Alemanha é derrotada. Um oficial nazista tem que fugir às pressas e leva sua família para a Floresta Negra, a mulher e seus cinco filhos, entre eles um bebê. Lore (Saskia Rosendahl) é a fiha mais velha e quando sua mãe se entrega a incumbe de levar seus irmãos para a casa da avó em Hamburgo.
Será um longo trajeto em meio as zonas ocupadas. Lore terá que procurar comida e locais para passar a noite. No caminho vê jornais com fotos do holocausto e de seu pai. Hitler se suicidou.
Ela encontrará Thomas (Kai Malina), um judeu que escapou com vida e que irá ajudá-la, mas ainda assim ela terá todos seus preconceitos sua ideologia nazista impedindo que se aproxime ou acredite nele. Para isto terá que vencer toda a educação e ideologia que recebeu em sua formação e será se defrontando com todas as dificuldades durante o percurso que lentamente ela perceberá que os judeus não eram sujos ou mentirosos como sempre acreditou.
Os alemães no filme não demonstram compaixão nem mesmo por crianças, para conseguir comida ela tem que ter algo para oferecer, dinheiro ou jóias que sua mãe lhe deu para a fuga. É sempre pedido algo em troca, até mesmo o corpo, mas nada é gratuito e com generosidade, exceto Thomas que divide com ela o que conseguiu e ainda assim há uma cena que me repugna, mas que é compreensível pela sua formação, quando ele traz comida e ela o afasta, separando a ela e seus irmãos dele para comer.
Os alemães não acreditam nas fotos do holocausto, dizem que é montagem, que são atores, que é obra dos americanos, que nunca o Führer faria isto. A sacralização deste líder como um pai, que não comete erros e que ama a todos seus filhos alemães como se fosse Deus.
Finalmente conseguem chegar a casa da avó graças a ajuda de Thomas que num determinado momento tem que ir embora, pois seus documentos desapareceram. A avó os recebe, dá comida, tomam banho, e uma boa cama. Quando um dos gêmeos pega o pão com a mão recebe uma dura reprimenda da avó, onde aprendeu estes modos? ela é dura, enérgica, autoritária. Diz que seus pais não estavam errados, que Hitler não estava errado, que seus pais não fizeram nada de errado. É neste momento que Lore rompe com toda esta farsa, ideologia fanática. Ela pega o pão com a mão, derruba a água na mesa e a puxa para a mão para beber para total indignação da avó que a manda se retirar imediatamente, o que ela faz de muito bom grado.
Toda esta educação, disciplina e obediência que levam a não pensar, a aceitar tudo como certo e correto, sem avaliar nada. Estas crianças foram educadas para considerar os judeus sujos, mentirosos, ladrões, indesejáveis. Mas foi um judeu quem ajudou Lore, não foi nenhum alemão.
A Lore do início do filme, em sua bela casa, belas roupas, ainda uma criança que acredita em tudo que lhe dizem vai ter que através deste percurso difícil crescer e se tornar uma mulher no final do filme que consegue ver com seus próprios olhos.
O filme tem dois belos momentos simbólicos, logo no início a irmã de Lore brinca de amarelinha, indo do inferno para o céu, e depois quando Lore enterra a foto de seu pai, a do jornal e a que tinham.
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