domingo, 31 de agosto de 2014

LIVRO: AMOR EM MINÚSCULA - FRANCESC MIRALLES


Miralles, Francesc, Record, 2008.
283 páginas
Tradução: Luís Carlos Cabral
Título original: Amor en minúscula

Um livro singelo sobre a solidão, o amor e a amizade.

Samuel é um professor de literatura alemã que vive sozinho. É ano novo e ele pensa que novamente irão se repetir os mesmos 365 dias sem mudanças em sua vida solitária. Porém terá uma surpresa quando um gatinho aparecer na sua porta. Inicialmente ele pensa em como se livrar do bichano, mas finalmente se renderá e o adotará dando-lhe o nome de Mishima.

A partir deste gesto sua vida irá mudar. Será através de Mishima que ele conhecerá Titus, seu vizinho de cima, com quem nunca trocou uma palavra sequer. Aos poucos irá notando o mundo a sua volta, e perceberá que o acaso não existe, mesmo quando parece um absurdo o que acontece. Cruzará na rua com Gabriela, seu primeiro amor de infância, conhecerá Valdemar num café.

Com Mishima, Titus e Valdemar, Samuel irá reaprender a viver, a acreditar na vida e que tudo é possível, desde que se sai de sua concha protetora e deixe a vida fluir. Ele que não conseguia suportar ir na casa da irmã e do cunhado por serem pessimistas demais aprenderá a agir exatamente ao contrário do que fazia, e terá um dia ótimo com eles. Verá o quanto ele tem medo do amor e o quanto é difícil se deixar amar, afinal é mais fácil se defender. O beijo de borboleta na infância que se transforma no traço que lhe desperta a paixão e que ficou no seu inconsciente despertando assim que viu Gabriela na rua reconhecendo-a de imediato.

Apesar dos clichês, este pequeno livro nos ensina a viver de uma maneira simples, sem levantar murros, e acreditando que cada dia pode ser diferente do outro, desde que estejamos abertos à vida. Nem tudo são flores, mas isto faz parte também do viver.

Francesc Miralles nasceu em 1968 em Barcelona, Espanha

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

FILME: UM CASTELO NA ITÁLIA - 2013


Direção:  Valeria Bruna Tedeschi - 2013 
Duração: 99 min
Título Original: Un Château en Italie 
País: França 

Indicado no Festival de Cannes 2013 para longa-metragem 

Uma família burguesa italiana que possui um castelo na Itália que apesar de precisarem vender não o fazem porque o filho não quer vender.

Louise (Valeria Bruna Tedeschi) é irmã de Ludovic (Filippo Timi), eles tem uma relação bem próxima, e precisam decidir junto com a mãe Marisa (Marisa Borini) se vendem ou não o Castelo, ou o alugam para a Prefeitura, porém Ludovic não permite que se façam visitas ao interior do Castelo.

Louise é uma atriz que abandonou a carreira, mas ela conhece Nathan (Louis Garrel) um jovem ator com quem inicia uma relação um tanto tumultuada. Seu irmão tem uma namorada e está doente, ele tem AIDS. Ela quer viver, ter sua família, ter filhos, mas está sempre envolvida na família e suas questões e mal consegue olhar para o outro. Ela terá que crescer.

O que vemos principalmente é que se trata de pessoas que sempre tiveram tudo mas não são felizes. Porém há um outro lado neste filme, pois trata-se de uma lavagem de alma da diretora em relação a sua vida e família.

Ao final o passado se encerra e há a possibilidade de uma nova vida para Louise.

Valeria é irmã da ex-primeira dama francesa Carla Bruni e ela mesma interpreta Louise no filme, assim como sua mãe faz também o papel de mãe, inclusive com o mesmo nome, Marisa, e Louis Garrel é o companheiro de Valeria.


Valeria Bruna Tedeschi nasceu em 1964 em Turim, Itália. 

LIVRO: UM VINHEDO NA TOSCANA - Una passione italiana - FERENC MÁTÉ



Máté, Ferenc.Seoman, 2010
Tradução: Drago
270 páginas
Título original: A vineyard in Tuscany

Este livro é a história da vida da família Máté na Toscana e sobre a realização de um sonho. Máté nasceu na Hungria, saiu de lá após a Revolução e viveu em vários lugares, é um escritor. Foram viver na Toscana numa bela casa, mas Máté sonhava com vinhedos e em produzir vinho. Procuraram e finalmente encontraram um antigo e abandonado Mosteiro do século XIII.

Vamos acompanhando a família em todo seu percurso na reforma deste Mosteiro, nos cuidados com a propriedade, no aprendizado para serem produtores de vinho. Tem momentos hilários que me fizeram rir muito. Máté escreve bem, com senso de humor, mesmo diante de dificuldades que muitos teriam ligado para a Sociedade de proteção ao suicídio, senão tivessem se matado antes.

A persistência, o desejo, a tenacidade, a dedicação é surpreendente, além do bom humor, do amor que une esta família de três pessoas, Máté, Candace e o filho dos dois, Buster, são uma lição de vida. As descrições dos lugares são bem feitas, chegamos a sentir o aroma, o orvalho, a chuva, o frio, os sabores.

Ser proprietário de um vinhedo e produtor de vinhos requer muita paciência e dedicação. As grandes produções são automatizadas, mas produzir um vinho especial é para aqueles que amam isto e o fazem manualmente, cuidando de cada vinhedo com o carinho de uma mãe com seu filho. Sua vida se transforma no vinho, é preciso amar muito isto. Mas a recompensa ao se sentir e beber um vinho destes é algo insuperável, é o néctar dos deuses.

Muito interessante todas as informações sobre a produção do vinho narradas de uma forma que não nos cansa na leitura, pois apesar de explicar como funciona, não são informações visando a um produtor. Ele nos conta como aprendeu, o que precisou saber, mas tudo de uma maneira gostosa de ler.

E ao final quando seu vinho Syrah é eleito um dos grandes vinhos tintos italianos pela Morrell vibramos com eles.

Ferenc Maté 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

FILME: EM BUSCA DE UM CAMINHO - THE WAY - 2010



Direção: Emilio Estevez - 2010
Duração: 116 Min
Título Original: The Way 

O filme é uma homenagem ao avô do diretor. Ele é o filho mais velho de Martin Sheen.

Tom (Martin Sheen) é um oftalmologista que não tem uma boa relação com seu filho que está viajando. Ele recebe um telefonema avisando sobre a morte de Daniel (Emilio Estevez) na França no primeiro dia de sua peregrinação pelo Caminho de Santiago de Compostela num acidente por causa de uma tempestade nos Pirineus. Tom então parte para buscar o corpo de seu filho.

Chegando lá Tom começa a se recordar do filho e de quando o levou para o embarque, sobre ele dizendo que devia viajar mais, ao que seu pai responde que foi a vida que ele escolheu. Daniel então lhe diz: a vida não se escolhe, a vida se vive.

Algum motivo leva Tom a mudar de ideia de levar o corpo e pede para que seja cremado e parte para fazer o caminho interrompido pela morte. Ao longo da caminhada vai deixando punhados de cinzas de seu filho e pensa em deixar o restante aos pés de São Thiago. Durante o trajeto ele vai conhecendo pessoas diferentes e ao fim fazem o percurso em quatro, cada um deles de um lugar com uma história diferente, três homens e uma mulher. Durante o percurso Tom irá vivenciando o outro, cada um com sua questão e sua busca, o que leva cada pessoa a fazer este caminho, um fuga? um reencontro? uma busca de resposta para algo? um bloqueio? , mas também perceberá que a amizade existe e que o outro também pode fazer muito por ele.

Tom sempre vê o filho, ele está indo junto, mas isto precisa terminar. E por ocasião do roubo de sua mochila onde estavam as cinzas por um garoto cigano, ele pensa em voltar imediatamente para casa, mas o pai do garoto chega e faz o menino devolver a mochila. Dali segue que este homem lhe dirá que ele deve ir além de Santiago e jogar as cinzas no mar, não por uma questão religiosa, mas para o bem dos dois. E assim Tom fará.

Pode-se pensar em vários motivos para Tom ter tomado esta decisão de levar o filho nesta caminhada, ele pode ter desejado compreender porque seu filho tinha esta sede de conhecer o mundo, ele pode estar querendo homenagear o filho, pode estar atendendo ao desejo de seu filho, mas independente disto, este percurso mudará Tom, que irá ver o que é viver e compreenderá talvez o que o cigano lhe disse: filhos são o nosso pior e o nosso melhor.

Tom está vivenciando o luto pela perda do filho e o faz de uma maneira que o aproxime dele, uma tentativa de recuperar o que se perdeu em vida. O luto é sempre uma separação, é em prol de quem está vivo e continua para poder lidar com isto. O final do filme nos confirma que o que o pai tanto reprovava no filho estava nele mesmo e fazer o caminho de Santiago o levou a descobrir isto.




Além disto podemos acompanhar o caminho com suas paisagens, as pousadas, as igrejas, as trilhas.


Emilio Estevez com seu pai Martin Sheen, nasceu em 1962 em Staten Island, New York , EUA



sábado, 23 de agosto de 2014

FILME: NUNCA TE VI SEMPRE TE AMEI - 1987



Direção: David Hugh Jones - 1987 
Duração: 95 min 
Título Original: 84 Charing Cross Road 

Baseado no livro autobiográfico de Helene Hanff 

Helene Hanff (Anne Bancroft) gosta de livros ingleses, mas com bom preços e não consegue encontrá-los em New Your. Após encontrar um artigo numa revista ela escreve para uma loja em Londres perguntando se eles realmente tem estes livros e se são baratos. Desta forma inicia-se uma correspondência que durará 20 anos com Frank Doel (Anthony Hopkins).

Helene é solitária mas possui um bom humor insuperável, escreve num tom que quem não possui senso de humor não conseguirá captar. Ajuda a todos, cuida do bebê e do cachorro de uma amiga, escreve e lê. Frank é um apaixonado por livros também, casado com Nora (Judi Dench), tem duas filhas. A história se passa nos anos 50 e a Inglaterra passa por uma racionamento. Helene então começará a enviar caixas com mantimentos em épocas festivas o que lhe angariará a amizade de todos na loja, que também começam a lhe escrever.

Mas os anos passam e Helene sempre está protelando sua ida à Inglaterra. Na vez que estava tudo certo ela tem um problema nos dentes que inviabiliza sua ida, e depois disto ela não tenta mais, até o dia em que recebe uma carta da livraria comunicando a morte de Frank. Neste momento ela sente que tem uma dívida, e então finalmente ela vai a Londres.

Durante 20 anos eles trocarão belas cartas, uma grande amizade surge disto e um amor profundo pela vida e pelos livros. Para os apaixonados por livros o filme fala sozinho à suas almas, sentimos o prazer de Helene e Frank em encontrar o livro e receber o livro.

Podemos pensar que nunca devemos deixar de fazer algo antes que seja tarde demais, mas as vezes a vida se descortina de uma forma que nos impossibilita, mas por outro lado, também há de se perguntar o que teria sido se eles tivessem se conhecido pessoalmente? Como diz Helene, ela é um mistério.

Encantei-me com a interpretação de Anne Bancroft, está maravilhosa.

David Hugh Jones nasceu em 1934 em Poole, Dorset e faleceu em 2008


Helene Hanff 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

FILME: SHIRLEY VALENTINE - 1989


Direção: Lewis Gilbert - 1989
Duração: 104 min 

Há muito tempo desejava assistir, então hoje escolhi este filme.

Shirley (Pauline Collins) é uma dona de casa que passa seus dias cuidando do lar, vai ao mercado, limpa, cozinha, cuida do cachorro da vizinha, está sempre muito só e conversa com a parede, lembrando os tempos em que era Shirley Valentine e tinha muitos sonhos que foram se perdendo na vida. Seu marido Joe (Bernard Hill) também já não é o mesmo, perdeu toda sua alegria e agora é um chato, que chega em casa e quer tudo pronto, sendo que tem um cardápio definido para cada dia e não aceita mudanças. Ele acha Shirley uma tola que conversa com paredes. Seus filhos estão grandes e saíram de casa.

Um dia ela recebe um convite de sua amiga feminista Jane (Alison Steadman) para acompanha-la à Grécia. Shirley sempre sonhou em viajar, desejava ser aeromoça, o que acredita que sua principal inimiga do colégio se tornou. Inicialmente ela diz que não pode ir, mas Jane a incentiva defendendo seu direito à liberdade. Levando em conta alguns acontecimentos como seu marido lhe empurrando o prato de comida em cima dela por não ser o cardápio do dia, e com a volta de sua filha que a trata como a uma empregada e quando ela lhe conta que vai para a Grécia acho isto um total absurdo, ela vai.

Lá ela conhece Costas (Tom Conti) com quem tem um caso amoroso. Sua amiga Jane havia arrumado um namorado no avião e ficou com ele por uns dias, mas acaba de voltar e acha um absurdo o comportamento de Shirley.

Estamos diante de um quadro bem comum,infelizmente, onde uma mulher se transforma na empregada de todos, não tem desejos, não tem vontade própria, não pode sonhar. Tem que fazer exatamente aquilo que esperam que ela faça e não o que ela quer fazer. Mas Shirley aprende que a vida passa, e se não for para usá-la para aquilo que desejamos, então para que serve viver? Viver não é atender ao desejo do outro.

Até mesmo sua amiga Jane, quando se trata dela, tudo bem, ela vai com o namorado, mas assim que volta não aceita que Shirley também tenha arrumado alguém e que vai deixá-la por sua vez sozinha. Todos esperam que ela esteja a disposição deles. Um egoísmo tremendo. Somente seu filho a compreende. E ela pensa: quem vai sentir minha falta? Sentirão sim, na hora de fazer coisas, mas não da pessoa, do ser humano que também ama, sofre, ri, chora, e principalmente, deseja.

O que Shirley sente e se questiona é algo comum a todos nós, mas a coragem de mudar, de viver, de fazer algo é algo que poucos tem, e ela teve.

Além disto o filme vale pelas belas imagens da Grécia, o por do sol maravilho e o azul do mar, além de suas casa brancas.

Lewis Gilbert nasceu em 1920 em Londres, Inglaterra

LIVRO: PRÓXIMA ESTAÇÃO, PARIS - Uma viagem histórica pelas estações do metrô parisiense - LORÀNT DEUTSCH


Deutsch, Lorànt. Paz e Terra, 2011
343 páginas
Tradução: Alcida Brant
Título Original: Métronome: l'histoire de France au rythme du métro parisien

Um relato fascinante sobre a história da França através das estações de metrô de Paris. São 21 estações e em cada uma delas Lorànt irá em busca da história da França e de Paris. Muitos vestígios foram apagados, principalmente com as reformas efetuadas na cidade pelo barão Haussmann, na segunda metade do século XIX, mas também devido as guerras e confrontos ocorridos na cidade.

Lorànt não desiste facilmente, ele busca os sinais,os vestígios e os encontra em jardins particulares, uma parede aqui, um porão ali, ainda é possível encontrá-los desde que se seja persistente e procure. Ele também nos falará dos prédios, praças e monumentos que ainda estão lá.

Ele inicia sua história quando Paris ainda era Lutécia, dos gauleses aos romanos e irá percorrendo todos os séculos, passando pelas guerras, revoluções, os reis, a República, Napoleão até os dias de hoje. Um belo mergulho na história da França e Paris e também do parisiense que sempre foi um povo meio colérico, insatisfeito e que quando isto acontece não fica quieto e parte para a briga.

A história é repleta de guerras e confrontos movidos pela ganância e conquista de territórios, muitas vezes o rio Sena se tingiu de vermelho. Mas em todas as épocas algo a mais se agregou a esta bela cidade que hoje podemos encontrar em seus museus, palácios, residências e também nos vestígios deixados em suas ruas, praças, casas.

Uma forma interessante de contar a história de um lugar. Irei postar o roteiro de leitura com as fotos e locais percorridos pelo autor.

Lorànt Deutsch nasceu em 1975 em Alençon, Orne, França 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

FILME: A VINGANÇA DE MANON - 1986


Direção: Claude Berri - 1986
Duração: 113 min
Título Original: Manon des sources 

2ª Parte - continuação de Jean de Florette 

Baseado na obra de Marcel Pagnol 

Os anos se passaram, Ugolin (Daniel Auteuil) agora é o proprietário da fazenda que foi de Jean, pai de Manon e cuida de seus cravos. César (Yves Montand) deseja que ele se case, pois são os únicos dois que sobraram da família Soubeyran, para ter um herdeiro de tudo que acumularam.

Ugolin vê Manon (Emmanuelle Béart) que agora é uma jovem muito bonita e cuida dos cabritos no campo. Sua mãe voltou para a cidade. Ele se apaixona perdidamente por ela e irá fazer de tudo para conquistá-la, mas o que ele não sabe é que Manon quer vingança pela morte de seu pai.

As revelações finais serão surpreendentes, vale assistir aos dois filmes. Limito-me a falar sobre o filme para não tirar o prazer de assisti-lo.

Claude Berri 

FILME: JEAN DE FLORETTE - 1986



Direção: Claude Berri - 1986
Duração: 120 min

Baseado na obra de Marcel Pagnol 

1ª Parte

Meados de 1920 na região da Provence. Ugolin (Daniel Auteuil) retorna para suas terras onde vive seu padrinho César (Yves Montand) com o sonho de plantar cravos, mas há um problema, a água para regar esta plantação. Seu vizinho tem uma nascente no terreno, mas não se dá bem com os Saubeyran, mas mesmo assim eles o procuram para fazer uma oferta pelo terreno com a nascente. Brigam e o vizinho morre. 

O herdeiro é Jean de Florette (Gérard Depardieu) que é um coletor de impostos. Os Sabeyran pensam que ele vai vender, mas não, Jean resolve tomar posse da propriedade e chega ao local cheio de ideias sonhando com uma vida no campo. Ele chega com sua esposa (Elisabeth Depardieu) e sua filha pequena Manon. Sabendo disto Ugolin e Cesar resolvem bloquear a saída da fonte para forçá-lo a vender. 

Não é possível falar mais do filme sem tirar o prazer de quem quer vê-lo. É um retrato da vida rural da França na Provence em 1920 e de como são os comportamentos numa pequena vila, onde um não se envolve nos negócios do outro, mesmo diante de algo que está errado. Mas os segredos que envolvem estas famílias só virão a tona na segunda parte do filme: A vingança de Manon. 

Claude Berri nasceu em 1934 em Paris, França e faleceu em 2009 na mesma cidade. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

FILME: UM BOM ANO - 2006


Direção: Ridley Scott - 2006 
Duração: 118 min 
Título Original: A good year 

Max Skinner (Freddie Highmore/ Russell Crowe) passava férias  na Provença e foi educado pelo seu Tio Henry (Albert Finney) dono de uma grande propriedade com vinhedos, para conhecer os vinhos, mas também para saber como lidar com a vida diante de seus sucessos e fracassos. Max gosta muito de ganhar, e muitos anos depois vive em Londres e trabalha com ações, o que não lhe deixa tempo para nada, é um mundo extremamente competitivo, não tem fim de semana, não tem férias, apenas ganhar dinheiro e gozar o prazer da vitória quando se supera o outro. Ele não tem sensibilidade, as pessoas o detestam, mas admiram sua frieza com os negócios e o invejam. Até o dia em que recebe a notícia que seu Tio Henry morreu e que ele é o herdeiro da propriedade na Provença.



Pensando que pode ser um negócio bem rentável a venda da propriedade ele se permite um dia para ir até lá e ver de perto como está tudo. Entre muitas trapalhadas e correrias ele chega e encontra o local um tanto abandonado. Lá está o vinheteiro Duflot (Didier Bourdon) e sua esposa Ludivine (Isabelle Candelier) que conhece desde criança, mas agora ele e Duflot não se entendem por que este último não quer que ele venda a propriedade onde viveu a vida toda produzindo vinho para seu Tio.

Enquanto isto em Londres o chefe de Max convoca uma reunião à qual Max não consegue chegar devido ocorrências na Provença. Então é colocado em suspensão por uma semana pelo chefe e aproveita para ficar na casa de seu Tio, revivendo lembranças de sua infância e tentando colocar ordem para vendê-la. Uma surpresa o espera, a chegada de Christie (Abbie Cornish) que se diz filha de seu tio e pode querer a herança. Mas ele a acolhe e instruído pela advogada a trata muito bem.


Ele também reencontra uma conhecida de infância (não lembra dela no primeiro momento), Fanny (Marion Cottilard) que quase atropelou na estrada e que o deixa em apuros dentro da piscina onde caiu e da qual não consegue sair. Ele irá atrás dela em seu restaurante.



Aos poucos Max vai sendo reeducado na arte de viver e de ser educado, ético e sensível pelos habitantes da Provença. Ele começa a reencontrar os encantos deste lugar e suas lembranças mexem com ele através de cheiros, sabores e recordações dele com seu tio. Quando retorna à Londres para encontrar Sir Nigel (Kenneth Cranham), o diretor-executivo da empresa onde trabalha, este lhe oferece a sociedade da empresa ou uma boa soma em dinheiro para não ir para a concorrência, pois está ciente da capacidade de Max. Na sala da reunião há um belo quadro de Van Gogh, mas é uma cópia, pois o original está guardado no cofre. Max então lhe pergunta se para apreciá-lo ele entra no cofre à noite, ou ele se contenta em olhar para apenas para a cópia?

Um belo filme sobre o que realmente importa na vida e sobre quais valores são mais importantes. E você dará boas risadas também, além de poder apreciar o local com sua beleza natural.

Ridley Scott nasceu em 1937 em South Shields, no Reino Unido. 


Trilha Sonora de Marc Streitenfeld 

Marc Streitenfeld nasceu em 1974 em Munique, Alemanha

FILME: 50% - 2011


Direção: Jonathan Levine - 2011 
Duração: 100 min
Título Original: 50/50 

Inspirado em fatos reais

Adam (Joseph Gordon-Levitt) tem 27 anos e mantém uma vida saudável, não fuma, não bebe, e corre para manter a forma. Aparentemente tem um certo receio de tudo que ofereça riscos e por isto nunca tirou sua habilitação para dirigir, apesar de possuir um carro, porque o índice de acidentes é muito alto. Tem uma namorada que não parece muito apaixonada, o que seu melhor amigo Kyle (Seth Rogen) já notou.

Como vinha sentindo dores em sua coluna procura um médico e faz uma descoberta terrível, está com um câncer raro que oferece 50% de chances de cura. Ele fica estupefato já que não faz nada que é considerado como fator desencadeante de câncer. Ele não consegue entender por quê?

Para enfrentar tudo isto ele terá o apoio incondicional de seu amigo e também a ajuda de uma analista Katherine (Anna Kendrick), além de Esqueleto, o cachorro que sua namorada lhe deu como forma de ajudá-lo neste momento.

Aos poucos Adam percebe que se morrer ficarão muitas coisas que ele nunca fez como por exemplo dizer que ama uma mulher. Na vida nunca faremos tudo, mas a mensagem é que devemos pelo menos fazer o máximo que pudermos e sem se bloquear ou boicotar em função de crenças que adquirimos.

Ele se confronta com a morte quando um dos que fazem quimioterapia com ele morre e isto o faz pensar muito sobre tudo.

É interessante como o ser humano precisa de situações drásticas para enxergar algo diferente, novas possibilidades, e perceber o quanto se boicota a si mesmo e deixa de viver coisas boas em função dos outros, das crenças ou das aparências. Adam passa a experimentar e viver mais justamente quando tem apenas 50% de chances de viver.

Por outro lado vemos claramente no filme a imensa dificuldade que as pessoas tem de lidar com estas situações. O que dizer ao que está doente? como lidar com isto? O medo de falar sobre a realidade leva as pessoas a usar frases educadas e politicamente corretas como : isto vai passar, você vai se curar, quando não acreditam nisto, e o efeito disto na pessoa é pior do que a verdade. Ele se sente meio otário, sendo consolado como uma criança.

O filme não tem grandes novidades sobre o tema, é mais um filme sobre alguém com câncer e que luta pela sua vida, mas ele não é apenas o trágico, tem uma veia cômica também.

Jonathan Levine nasceu em 1976 em New York, EUA. 

domingo, 17 de agosto de 2014

ROTEIRO DE LEITURA - O LIVRO DE PRAGA - SÉRGIO SANT'ANNA

Retomo os roteiros de leitura acompanhando o autor em suas andanças por Praga


Começamos pelo museu Kampa onde nosso personagem visitou a exposição de Andy Warhol e irá ouvir um concerto privado com Béatrice.


ANDY WARHOL nasceu em 1928 em Pitssburgh, Pensilvania, EUA e faleceu em 1987 em New York. Seus pais eram imigrantes do norte da Eslováquia. É um artista gráfico. 



Será também neste rio que margeia o museu que o corpo da suicida Giorgya será encontrado. 



Antonio foi assistir um concerto no Smetana Hall onde se executou o poema sinfônico O Moldávia de Bedrich Smetana , onde se descreve o curso do Rio Moldávia, também conhecido como Vltava, que tem 430 km de extensão.


Smetana Hall 


Ouça: O Moldávia-Bedrich Smetana 

Após assistir a este concerto...



Antonio Fernandes atravessará a Ponte Carlos com suas estátuas e será aí que ele viverá um delírio com a estátua de  Francisca.




Aqui estamos no Ta Fantastika Black Light Theatre - teatro de luzes e sombras onde Antonio assistiu ao espetáculo Aspects of Alice que leva a comprar a boneca Gertrudes com quem terá uma experiência única durante a noite em seu quarto no Hotel.


Não poderia faltar Kafka no livro de Sant'Anna, então ele vive algo inusitado sendo levado para ver o corpo tatuado de uma mulher com um texto inédito do grande escritor.

FILME: MILLENNIUM: OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES - 2011



Direção:David Fincher - 2012 
Duração: 158 min 
Título original: The Girl with the dragon tattoo 

Adaptação do romance Mäm som hatar Kvinnor de Stieg Larsson. 

Mikael (Daniel Craig) é um jornalista investigativo que está passando por um processo onde é acusado de calúnia e de publicar matérias sobre as quais não tem provas. É chamado após uma criteriosa investigação sobre ele feita por Lisbeth (Rooney Mara) uma investigadora particular, hacker e anti-social, para descobrir o que aconteceu há 36 anos atrás com Harriet Vanger (Moa Garpendal) que desapareceu numa ilha no norte da Suécia sem deixar vestígios. Todos acreditam que ela está morta, mas seu corpo nunca foi encontrado e seu tio Henrik (Christopher Plummer) não se conforma. A revista para a qual Mikael trabalha com cuja diretora tem um caso não está passando por um bom momento também, então ele resolve aceitar a proposta feita por Henrik e se muda para uma cabana na ilha para tentar solucionar o mistério. Irá contar mais adiante com a ajuda de Lisbeth.

Um filme de suspense, com alguns clichês, mas que traz um outro lado que é justamente a questão do título do filme, homens que abusam de mulheres estuprando-as e matando, além da questão do incesto e nazismo. 

Lisbeth é uma mulher jovem mas que é anti-social, gótica, estranha, que tem um tutor do Estado por ser considerada incapaz de gerir a própria vida devido um ato quando tinha 12 anos, porém será que os tutores são sempre bons? ou eles também abusam de seus tutelados? Famílias com questões vergonhosas, que se odeiam, não falam um com o outro, abusos. Tudo isto faz parte do enredo do filme. 

Martin (Stellan Skarsgard) é irmão de Harriet e também mora na ilha, o pai deles morreu afogado no rio, temos também outro irmão de Henrik que é um nazista e mantém em sua casa fotos da época. 

Aos poucos Mikael irá juntar os pedaços deste mistério. 

David Fincher nasceu em 1962 em Denver, Colorado, EUA. 

sábado, 16 de agosto de 2014

FILME: QUARTETO - 2012


Direção: Dustin Hoffman - 2012 
Duração: 98 min 
Título Original: Quartet 

Em uma grande casa no meio de um parque belíssimo vivem vários idosos que são músicos e cantores aposentados. Eles passam o tempo lembrando os bons tempos, mas também continuam tocando e cantando. Todos os anos eles realizam uma festa com apresentações para arrecadar fundos para manter a casa. Cissy (Pauline Collins), Reggie (Tom Courtenay) e Wilfred (Billy Connolly) vivem lá e estão ensaiando para a apresentação. 

É quando chega uma nova moradora que ninguém sabe quem é. Trata-se de Jean (Maggie Smith), ex-esposa de Reggie que de início não fica nada satisfeito em vê-la ali. Mas logo os três pensam em reviver o quarteto que interpretou Rigoletto, porém Jean se recusa. 

O filme toca em temas da velhice, a perda da memória, as doenças, o corpo que já não é o mesmo. Novamente vemos pessoas mais jovens tratando idosos como se fossem débeis, o que não são, mas ali, os moradores tem respostas na ponta da língua. Chega a ser deprimente ver Wil ter que pedir a médica que cuida do local para poder ir jantar fora com os outros três afim de convencer Jean a cantar, ela impõe até horário que só é estendido após uma pequena chantagem feita por Wil. Este tipo de comportamento tão comum em nossa sociedade é algo que precisa mudar, idosos não são dementes, eles tem limitações naturais de sua idade, mas muitos ali são lúcidos e portanto capazes de escolhas. 

O encontro de Reggie e Jean trará a tona também velhas mágoas e será uma oportunidade de mudar isto. No fim ela aceita cantar, principalmente quando vê que sua concorrente na ópera irá cantar, como bom ser humano e como uma prima-dona, ela não irá permitir que ela brilhe mais do que ela. 

Um filme bonito, uma comédia dramática. 

Dustin Hoffman nasceu em 1937 em Los Angeles, Califórnia, EUA. 

FILME: PÃO DA FELICIDADE - 2012


Direção: Yukiko Mishima - 2012
Duração: 114 min
Título original: Shiawase no pan 

Um dos mais belos filmes que assisti nos últimos tempos. De uma delicadeza, sensibilidade e de uma beleza estética ímpar, onde o cuidado com os mínimos detalhes, cores, visuais é extremo ao ponto de quase se sentir o cheiro e o sabor do pão.

Rie (Harada Tomoyo) e Sang (Oizumi Yo) mudam-se de Tóquio para o Lago Toya em Hokkaido e abrem um café com pousada. Ele faz pães com muito amor e um mais bonito e aparentemente saboroso que o outro, ela prepara o café moendo os grãos num moedor manual e cozinha as refeições. As estações passam, e a cada uma alguém vem para ficar na pousada e temos sua história e de como o prazer de comer um simples pão com um café maravilhoso pode fazer a diferença.





O filme nos mostra uma globalização do Japão, mas também nos traz o antigo, tudo preservado junto neste local acolhedor. Vemos um japonês tocando acordeon, uma mulher que tem uma loja e que tem um ouvido muito bom, pois sempre está pronto e embrulhado o que a pessoa pensa comprar em sua loja, o pão é assado no forno a lenha, o café moído em um moedor manual, as panelas são lindas, os detalhes da louça, dos enfeites, tudo de um extremo bom gosto, mas simples.





A generosidade e o que é feito com paixão é o que acolhe e transmite calor humano aos que buscam um pouco de aconchego. O pão é um alimento básico e simples, mas é justamente sua simplicidade que oferece às pessoas a possibilidade de perceber que é nas coisas simples que está o prazer.

Recomendo.


Yukiko Mishima