Ollivier, Debra. Editora Academia de Inteligência, 2010
189 páginas
Tradução: Magda Lopes
Título Original: What french women know: about love, sex and other
A autora do livro é americana e foi morar na França ainda solteira, casou-se com um francês e teve dois filhos, depois retornou para os Estados Unidos.
Assim que chegou a Paris ela começou a notar as diferenças entre os dois países e principalmente interessou-se pela mulher francesa sobre a qual já tinha uma imagem dela ser sexy e diferente das americanas. Então é sobre estas diferenças que ela vai nos contar no livro.
Como disse Simone de Beauvoir: não se nasce mulher, torna-se mulher! A construção do masculino e do feminino se dá na sociedade em que se vive através do nome, da linguagem, da história, da cultura, e isto faz com que esta construção seja diferente em cada cultura. Temos ideias, crenças, fantasias que moldam isto.
O fato é que a autora começou a perceber que haviam coisas que as francesas sabiam fazer de uma forma melhor, como educar filhos, por exemplo. Há em seu relato ela preparando a sala de sua casa para a criança que vai nascer, superprotegendo, colocando protetores de tomada, nas pontas de móveis, retirando o que pode ser perigoso. Uma francesa sua amiga lhe diz que parece uma sala psiquiátrica, porque para ela uma criança precisa de limites, não de ser protegida desta maneira. Os franceses educam seus filhos para a independência e liberdade.
Sobre a velhice, a mulher francesa a aceita e vive sua idade, o sexo é algo que amam e desejam em qualquer idade, mas os homens franceses também gostam das mulheres mais velhas e as desejam. Sobre ter amantes, as instituições, sem neuras sobre o culto da beleza e do corpo, abertas a contradições e conflitos que fazem parte da vida.
No meu caso particular li o livro porque sou filha de francês e fui educada em uma comunidade francesa no Brasil, mas como vivo no Brasil acabei no conflito bi-cultural e hoje estou num processo de resgate e apropriação da minha herança. E foi incrível me reconhecer em muitas das coisas que Debra fala e então perceber que não sou um ser estranho, conseguir compreender porque há certas coisas que eu não consigo aceitar e compreender aqui no Brasil, mas é que no meu inconsciente a formação é outra. Como por exemplo, não sou preocupada com a questão da beleza, abro mão facilmente de arrumar a casa se eu desejar fazer algo que me dê prazer e mais, tenho horror a casa arrumada demais, para mim é fria, sem vida, casa precisa de uma certa bagunça que demonstra que ali vivem pessoas. Na minha casa em jantares ou almoços sempre se sentaram em pares homem-mulher, mas nunca o cônjuge. Após terminar a refeição, ninguém vai para a cozinha lavar a louça, nada de mulheres na cozinha e homens na sala. Eu também amo os homens e nunca compreendi a guerra de sexos, entre os opostos.
Lendo o livro vê-se que a autora está encantada pela mulher francesa, mas nem tudo são flores na França, também há neuras femininas por lá. Mas concordo que la joie de vivre e a art de vivre tornam a vida muito mais prazerosa e menos complicada de viver. Viva a diferença e a imperfeição!
Este livro me lembrou o filme Uma dama em Paris que já postei no blog. Duas mulheres que escolhem viver a vida.
Debra Ollivier
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