Direção: Marco Bellocchio - 2009
Duração: 118 min
País de Origem: França - Itália
O filme relata a relação de Ida Dalser (Giovanna Mezzogiorno) com Benito Mussolini (Filippo Timi) quando este era um jovem militante socialista radical. Ida apaixona-se perdidamente por ele, absolutamente fascinada por este homem, ela se desfaz de tudo que possui para ajudá-lo a fundar o jornal Il Poppolo d'Italia, o início do Partido Fascista. Ela engravida e nasce um menino.
Durante a 1ª Guerra Mundial, Benito se alista no exército e fica um tempo sem dar notícias. Ela irá reencontrá-lo num hospital onde também encontrará a nova esposa dele, Rachele (Michela Cescon).
Trata-se de uma história real pouco conhecida. Ida morreu em 1937 num manicômio psiquiátrico, sozinha, devastada, após sua imensa luta para ser reconhecida como esposa do Duce, antes do casamento com Rachele que permaneceu sua esposa oficial até o fim de sua vida, e ter seu filho reconhecido como primogênito. Ao longo do filme vemos flashes de mulheres internadas em hospícios e trechos de documentários sobre a época e a ascensão de Mussolini ao poder.
Logo no início do filme, estamos em 1910 e Benito desafia os cristãos dizendo que irá provar a inexistência de Deus: " se Deus não me fulminar em 05 minutos será demonstrado que ele não existe." Ida está fascinada por este homem, como em breve estará o povo italiano, que será, como Ida, traído e subjugado.
Ida após ter sido abandonada por Benito não consegue ultrapassar isto, irá destruir sua vida na tentativa de ser reconhecida. Era uma mulher independente, bonita, inteligente, com posses, dona de uma casa de moda feminina em Milão. Abre mão de sua vida por ele. As cenas de amor dos dois no começo do filme mostram seu olhar vidrado nele, e o dele distante, em outro lugar. Há uma falta de limites dela em relação à ele, lhe entrega tudo, corpo, alma, posses. Apesar de dar tudo como ela mesma diz com alegria, como se isto fosse uma felicidade para ela de poder ajudar, no fundo o que ela deseja é ser única para ele, é ser A mulher.
Ela se fixará nisto por toda sua vida, neste lugar que deseja acima de tudo, sendo incapaz de aceitar o fato que ele a deixou e trocou por outra mulher. Abrirá mão de qualquer possibilidade de reinício de uma vida com seu filho (Filippo Timi), com isto levando a ambos para o trágico. Lembra Antígona, uma vez que também vai contra o Estado e sua lei. Sua obstinação em afirmar que era a esposa e que o filho foi reconhecido, o que nunca foi comprovado oficialmente.
Ida não é louca, ela sabe onde está, quem é, mas se fixa na loucura deste amor, me lembrando Camille Claudel com Rodin, que também se fixa nele. Acaba sendo internada após gritar para todos ouvirem que já escreveu ao papa, ao primeiro-ministro, ao presidente do tribunal de Milão para que ele vá preso. Depois vai viver com sua irmã e seu cunhado tem a guarda de seu filho. O indício da erotomania, ela diz que só ela o compreende e que está convencida que ele também a ama. É um certeza delirante e que a impede de fazer algo diferente com sua vida. Acabara sendo subjugada pela polícia fascista, seu filho será afastado dela e entregue para outra pessoa criá-lo o que trará um grande sofrimento para ele. E ela dirá que ele está fazendo isto para testá-la, que quer ter certeza de que pode sacrificar tudo por ele, e que quando ele tiver esta certeza irá buscá-la e a apresentará à Itália como sua legítima esposa.
Ela não pode dar uma outra vida a seu filho, uma nova família. Ele acabou internado em um manicômio e morreu aos 26 anos abandonado.
Marco Bellocchio nasceu em 1939 em Bobbio, Itália.
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