Direção: Radu Mhaileanu - 2011
Duração: 135 min
Título original: La source des femmes.
Roteiro: Radu Mhaileanu - Alain-Michel Blanc- Catherine Ramberg
País: França - Bélgica - Itália e Marrocos
Selecionado em Cannes 2011 como longa-metragem.
As mulheres de uma aldeia situada entre o Norte da África e Oriente médio se rebelam contra os maridos por terem que ir buscar água na fonte enquanto eles passam o dia jogando e bebendo. Tudo tem início quando novamente uma das mulheres grávida cai e perde seu filho ao ir buscar água na fonte. O que elas querem é que a água seja canalizada até a aldeia.
O filme começa com um parto e um aborto. Elas festejam o nascimento, cantam e desprezam a que perdeu o filho e isto revolta Leila (Leila Bekthi) que começa a instigar as mulheres a lutarem por melhores condições e sugere uma greve de sexo que é o único poder que elas tem sobre os homens.
O problema é que as tradições islâmicas são seguidas à risca, e a mulher como procriadora é regra, assim como ser de responsabilidade delas ir buscar a água.
Os homens não aceitam isto, e as mulheres também sofrem, pois por mais que haja regras que para nossa cultura são machistas, as mulheres usufruem do sexo com prazer na aldeia, são eróticas. E a tensão vai aumentar no decorrer do filme.
A mulher do Mulá é contra, quer manter a tradição e os costumes, mas o que percebo é que no fundo ela tem ciúme e raiva. As mulheres mais velhas já não sobem para buscar água e não podem aceitar que as novas escapem a este destino, que de certa maneira é a sua vingança e satisfação após anos passando pelo mesmo, por também terem caído e perdido filhos. O Mulá pergunta a sua mulher: Por que você sempre defende os homens? nem parece que você é mulher.
A sogra também é contra e ainda diz à Leila que ela lhe roubou seus homens, seu filho e até seu marido que a apoia. Seus falos. Esta sogra que não recriou-se como mulher, mas assumiu um papel social de mulher para tentar ser.
Um aldeia arcaica, elas não tem anticoncepcionais, mas tem celulares. O filho homem é o desejado, a maioria dos bebês morrem. A religião, a tradição e o moderno. Há uma cena hilária, de uma delas em cima de um asno na lida diária falando ao celular e que ao perder o sinal xinga o asno para que ele volte ao local onde tem sinal, ou então quando elas penduram o celular no varal que é o único lugar onde tem sinal.
Mas se a greve é uma forma há outra e muito mais eficaz que é fala, que não se dá pela tecnologia, celular ou TV, mas sim pelas canções que elas cantam. As letras destas canções é o mais importante neste filme, é onde cantam suas dores e alegrias e terminam cantando que a mulher não é a origem da vida, ela é o amor. A terra é fértil como a água, a mulher não é a água, é amor.
A mulher quer ser amada, precisa amar e ser amada. Só assim floresce e passa a ser respeitada deixando de ser um objeto de uso para o sexo e para o trabalho.
Segundo o diretor Radu Mhaileanu o filme foi inspirado na peça "Lisístrata" de Aristófanes. O filme foi rodado no Marrocos em uma aldeia a 50km de Marrakesh.
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