quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

LIVRO: UMA VONTADE LOUCA DE DANÇAR - ÉLIE WIESEL


Wiesel, Élie. Bertrand Brasil, 2008
Tradução: Jorge Bastos
308 páginas

Doriel procura uma psicanalista para ajudá-lo a vencer o que ele considera sua loucura. Órfão de pais, seus irmãos foram mortos na Segunda Guerra Mundial pelos nazistas, foi acolhido pelo seu tio que o levou para os Estados Unidos, mas carregou consigo todas as marcas e traumas do que lhe aconteceu.

Um vazio imenso ao lado de um excesso de memória, transborda mas para onde? a sensação de estar enlouquecendo como se isto pudesse salvá-lo de suas lembranças e marcas, protegê-lo. Nunca quis se casar e ter filhos, não queria colocar filhos no mundo para um outro matá-los. Aprofunda-se no estudo, busca respostas que não encontra.

Mas se ele tem um excesso de memória, tem também uma cripta traumática, algo que ele não consegue acessar, inefável, obscuro. Thérèse Goldschmidt uma renomada psicanalista fará de tudo para ajudá-lo a entrar neste lugar obscuro e apesar de achar que não o conseguiu o resultado como ocorre nas análises surge quando menos se espera e sem compreensão de como ocorreu.

Doriel tem medo de amar, tem medo da perda e levará anos para poder se entregar e finalmente sentir uma vontade louca de dançar.

Um livro que trata dos sobreviventes do nazismo, de seus traumas e marcas profundas, da culpa que sentem por terem sobrevivido diante da perda de seus entes queridos, das rupturas que sofreram, das marcas no corpo e na mente. Não é possível ultrapassar isto, é preciso aceitar e transformar.


Élie Wiesel nasceu em 1928 em Shiguetu Marmatiei na Romênia, localidade que fez parte da Hungria entre 1941 e 1945. Judeu, sobreviveu aos campos de concentração. Foi deportado junto com sua família para Auschwitz-Birkenau, onde sua mãe e irmã mais nova morreram. Foi enviado junto com o pai para Buchenwald onde perdeu o pai. Somente depois de libertado soube que duas irmãs mais velhas também sobreviveram. Inicialmente guardou silêncio, mas após uma entrevista com François Mauriac que insistiu que relatasse sua experiência escreveu Noite e sua obra foi então dedicada a resgatar a memória do Holocausto. Recebeu o prêmio nobel da paz em 1986 pelo conjunto de sua obra.

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