terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

FILME: HOLY MOTORS - 2012



Direção: Leos Carax - 2012 
Duração: 110 min 
País: França - Alemanha

Indicado no Festival de Cannes 2012 - longa metragem


Um filme instigante que abre mil possibilidades de interpretação nos mostrando que nunca temos o todo, há sempre novas possibilidades para interpretar, associar, falar.

Um dia na vida de Oscar (Denis Lavant) cujo trabalho seria o de representar, mas na realidade não há platéia nem câmaras conduzido por Paris em uma limousine dirigida por Céline (Edith Scob).

No filme Show de Truman apenas um não sabe que tudo aquilo não é real, são todos atores e que seu mundo é uma fantasia, ficção.... mas no fundo não é assim? E em Holy Motors, são todos atores? apenas um? o que é real? quando ele não usa máscaras e disfarces? E não estamos sempre representando?

Uma metáfora da subjetividade moderna. Descontinuidade, impossibilidade de dar sentido à algo que no instante seguinte já é outra coisa, contingências. Que sentido se pode dar a uma vida se no instante seguinte tudo pode mudar?

Ele segue por Paris dentro da limousine, tem os scripts na mão de cada compromisso do dia, são nove.

Um executivo, uma velha que se lamenta que ninguém a ama, mas mesmo assim ela vive, um louco que corre pelos esgotos de Paris e sai no cemitério. Nas lápides está escrito: acesse meu site..... Uma modelo posa para um fotógrafo (que também é ele) e o louco a rapta. A modelo não reage, faz apenas o que ele ordena, olhar perdido, parado, as unhas dos dois se parecem. Qual é mais louco? alienado? Ele me remete à Quasímodo neste instante, o corcunda de Notre Dame.
Um pai que vai buscar a filha e ela mente para ele que descobre. Pergunta se mentiria de novo e ela diz que sim. Vai me castigar? sim! Qual será meu castigo? Ser você mesma! Ele mata um banqueiro que é ele mesmo. Morre como velho nos braços da sobrinha, mata um outro que depois ele transforma em si mesmo. Encontra um velho amor. Um escafandrista que faz amor com outra num aquário sem água e sem retirar suas roupas e por fim vai para casa onde está sua esposa e duas filhas - três macacos.
Céline guarda a limousine na garagem junto com muitas outras. Ela veste uma máscara e liga para casa avisando: estou indo! E as limousines começam a conversar, estão preocupadas em serem descartadas e ir para o ferro velho.



Eis o nosso mundo, o mundo das máscaras, fantasias, fetiches, solidão e virtual. Quem espera do filme uma história linear se decepcionará.

As máscaras que usamos, dependendo de onde estejamos vamos nos comportar e agir de determinada forma, mas isto são os lugares que ocupamos, diferente de quando vestimos uma máscara para enganar a si mesmo, e talvez por isto ele mate a si próprio no filme, ou seja o fotógrafo e também o objeto da foto.

A impossibilidade de captarmos tudo no filme, nossos limites, nossas faltas, seremos tocados por aquilo que nos fala mais alto, mais de perto onde nos identificamos ou projetamos algo, onde nos sentirmos incomodados.



A única coisa que é constante é o cigarro e me leva a pensar nos vícios, que não podem sere abandonados independentes do que ocorre ao redor, irão se repetir, e são necessários.

O filme é a comédia humana moderna. Esta é minha interpretação de um filme que permitirá tantas interpretações quanto o número de pessoas que o assistirem.

Leo Carax nasceu em 1960 em Suresnes, Haust-de-Seine, França.

Cena com acordion 

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