Direção: Michael Haneke - 2012
Duração: 124 min
Título original: Amour
País- França - Áustria - Alemanha
Venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2012 e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2012.
Um dos mais belos filmes que já vi sobre o Amor.
Apesar de ser um filme duro, um soco no estômago como disseram alguns, ele realmente mostra o que é amar, sem os disfarces da ilusão, do erotismo, dos véus. Ele retira os véus e é isto que choca.
Quando se envelhece vem a doença, a deterioração do corpo e em alguns casos da mente da pessoa que você mais ama. Os véus são retirados e você se vê diante de uma pessoa que mostra seu corpo nu, cru, sem fantasias. O que mais pode ser o amor neste momento? um pacto, uma aliança?
Quando Anne (Emmanuelle Riva) adoece Georges (Jean-Louis Trintignant) poderia tê-la internado, como todos sugeriam, inclusive a filha, mas não, ele fica ao seu lado e cumpre com o que lhe prometeu.
Reduzida ao corpo e suas necessidades, comida, mas também evacuar, urinar, voltando a ser uma criança totalmente dependente, um bebê, mas que não tem futuro como este, a cada dia que passa é a deterioração que se acentua e não o crescimento. Ela deixa atrás de si uma vida, uma história, era pianista, dava aulas.
Ele fica no vazio rodeado das lembranças, da música, dos livros, quadros. E são estas lembranças que o mantém, que fazem que aguente. Mas o tempo passa.
Ela havia dito em um momento no início do filme: há uma imensa diferença entre a imaginação e a realidade, e o que ele vivia além da realidade era o real. Aquela mulher que ele amou, onde está ela? o corpo que ele amou, com o qual fez amor, onde está?
A filha Eva (Isabelle Huppert) não compreende, acha que o pai está louco de fazer isto. Não percebe o gesto de amor. Talvez se incomode por sentir culpa por não cuidar ela da mãe, por não estar ali, mas ela não consegue, não consegue olhar para aquela mulher onde não vê sua mãe, a que era. Até ele, seu pai, lhe dizer isto, e ela desistir de tentar interferir.
Já não é mais o amor romântico que desejamos e que é construído, mas o real. E aí temos o amor real. Ambos sofrem muito, e não é o felizes para sempre! São aqueles que atravessam as tempestades juntos com um pacto, que sabem o que é o amor, que pode ver o outro em seus piores momentos e se sustenta ali, pelo amor, sem gritar por um outro, por ajuda que virá se colocar em seu lugar, permitindo fugir. Ele atende ao desejo dela, lhe dá o que não tem, até chegar a exaustão.
Ele a mata, como ela desejaria. A cena do tapa é por desespero e amor, e o rosto dela é de quem tem consciência ainda de sua degradação. É triste, é terrível esta cena, onde o amor se mostra pelo seu lado mais forte, real e terrível. Ele a mata por que não suportava que a vissem assim, ela gritava sem parar dor... dor... dor! Esta dor não era física. Ela teria se matado se pudesse.
A cena do pombo, quando ele captura o pombo com o cobertor para depois soltá-lo, apenas para ter algo a contar em sua carta que escreve. Foi a cena mais bela que vi até hoje sobre a solidão.
Um filme forte, mas belo, belíssimo. O belo nem sempre é o bonito que desejamos, mas faz parte da vida.
Assista ao trailer em francês com legendas em inglês
Michael Haneke nasceu em 1942 em Munique, Alemanha. Estudou psicologia, filosofia e teatro na Universidade de Viena. É considerado um cineasta Austríaco.
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