segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

FILME: EM UM MUNDO MELHOR - 2010



Direção: Sussane Bier - 2010
Duração: 113 min 
Título Original: Haevnen
Roteiro: Sussane Bier e Anders Thomas Jensen
País: Suécia - Dinamarca

Ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e o Golden Globe Award

Um filme excelente que permite várias leituras e sobre vários temas.

Talvez o nome do filme seja significativo sobre se referir à Dinamarca, supostamente um país de primeiro mundo, de bem estar social, superior até, mas que se mostrará que não é quando se trata do humano, pois se há algo que é universal é o ser humano. O contexto pode ser outro, mas ao final os sentimentos, as paixões, o ódio, a raiva, o amor, estão presentes em todos.
O ponto forte do filme é mostrar como respondemos ao mal e suas raízes na infância.
Anton (Mikael Persbrandt) é um médico e está na África no meio dos confrontos e da guerra local, onde a população é aterrorizada por um bando armado que comete vários estupros para se divertir e depois apostam se o filho gerado na violência será menino ou menina, e para ver quem ganhou capturam a vítima e lhe abrem o ventre.Cabe a Anton tentar salvar suas vidas.


Enquanto isto sua família está na Dinamarca e seu filho mais velho Elias (Markus Ryggard) enfrenta uma situação difícil na escola de Bulling. O chamam de cara de rato, sueco que ali é pejorativo devido à história da Dinamarca, Suécia e Noruega, até que chega à cidade um garoto, Christian (William Johnk Nielsen) ,  que acaba de perder a mãe e vai morar na casa da avó. Este irá defender Elias de seus agressores e irão se tornar amigos.



Anton  volta para casa para um tempo de descanso.



Ele e sua esposa são chamados na escola, a mãe tenta defender seu filho e acusa a escola de não tomar providências em relação ao bulling. O pai tenta amenizar as coisas.
Num passeio com os filhos e Christian, Anton é agredido pelo pai de outra criança quando tenta acalmar os ânimos de uma briga de criança. Ele não revida e tenta ensinar aos filhos e ao amigo que cada um pode ter sua escolha, ser violento gera violência e que o mundo pode ser um lugar melhor. Depois ele retorna em busca deste pai, o provoca, mas na esperança que ele peça desculpas, o que este não faz, e novamente ele se vai com os meninos sem ter dado uma resposta ao outro. E aí está a questão. Por mais errado que seja, o pai do outro menino deu uma resposta à violência, e Anton não. Para os meninos, ele foi humilhado. Eles não tem a percepção de Anton, que estaria sendo melhor que o outro, e isto por que a cultura e o social colocam desta forma, é o que se espera. E esta ação de Anton irá ter consequências.



Ele volta para a África e se vê numa situação extremamente complicada. O chefe do bando está ferido, entre a vida e a morte e o levam até ele. E agora? Ele acabará agindo de acordo com a ética médica e salvará a vida do monstro. A população local ficará revoltada.
Quando o chefe se recupera ele vai até a tenda onde Anton está tentando salvar a vida de mais uma jovem, e debocha, ri, então ele reage e o joga para o povo lhe dar o que merece, ele é linchado.
E eu fico com a pergunta: ele não estaria lavando as mãos como Pilatos durante todo o filme? tentando conter uma agressividade que todos nós temos? para dar um exemplo ao filho, por acreditar num mundo melhor, ele acaba sendo de certa forma omisso. Ao ser agredido pelo pai do outro garoto, ele não precisa revidar da mesma maneira, mas uma resposta é necessária, e por que não chamar a polícia como disse Christian? esta seria uma maneira de ensinar a dar uma resposta sem revidar na mesma moeda e teria tranquilizado os garotos.
No caso do bulling, se ele tivesse agido com firmeza, apoiado sua esposa, e exigido da escola uma ação, colocando nela sua parte de responsabilidade?
Christian também tem seus problemas, seu pai está sofrendo a perda da esposa, o menino pensa que poderia ter salvo a mãe, falta diálogo, falta verbalizar o que sentem.
O filme nos mostra que muitas vezes as boas intenções nos levam a omissão, ao calar, e que nem sempre isto leva a um mundo melhor. Que o mundo é feito de coisas boas e de coisas ruins, que o mau existe, e que a agressividade também faz parte de nós, e que mesmo num mundo melhor ainda teremos que lidar com isto e que é necessário uma resposta melhor a estas situações.



Ainda resta muito a se falar sobre este filme, mas não damos conta de tudo, portanto o que escrevo aqui é o que me marcou, o que o filme deixou em mim.

Assista ao trailer




Sussane Bier nasceu em 1960 em Copenhagen, Dinamarca. 

Curiosidade: O título do filme é Haevnen em Dinamarquês, e significa Vingança. 

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