Agualusa, José Eduardo. Editora Foz, 2012
176 páginas
O MEDO DO OUTRO
Guerra Civil em Angola, independência de Portugal. Ludo, após o desaparecimento da irmã e do cunhado, ergue uma parede e se enclausura no apartamento com seu cachorro Fantasma, de onde sairá 30 anos depois. Ela tem medo, não confia na humanidade devido uma tragédia em sua infância.
Somente quando ela se perdoa pode novamente sair ao mundo e ser reconhecida e também reconhecer, e pede perdão a si mesma, à criança que ficou parada em uma curva na infância.
Mas, apesar do seu isolamento, ao seu redor coisas acontecem, e sem que ela saiba ou queira isto, acaba fazendo parte de todas elas.
Há uma cena simbólica belíssima com o espelho, onde atrás dela há sempre o estranho e seu duplo introjetado, e a troca dos espelhos na casa irá permitir que ela abra a porta para a vida, livrando-se deste invasor. Ela diz então: Teria sido tão fácil abrir a porta! Mas ela só o faz quando já está velha, quase cega, e pessoalmente me pergunto se ela o teria feito antes, teria sido capaz? Ludo tenta se isolar do outro, tem muito medo do outro, porém quando abre a porta, as histórias, coisas que aconteceram no mundo convergem para sua porta, e então no que é possível, se esclarecem.
José Eduardo Agualusa nasceu em 1960 em Huambo, Angola.
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