KEILSON, Hans. Companhia das Letras, 2011
Tradução: Luiz A. de Araújo
117 páginas
Peguei este livro hoje e me deitei na rede, e não saí dali enquanto não terminei.
Keilson nos conta uma história para falar do que ele mesmo viveu quando precisou se esconder dos nazistas na Holanda e foi acolhido por um casal em Delft e também como uma homenagem as estas pessoas que foram muitas que correram o risco, mas não recuaram em salvar uma vida, uma pessoa.
A história de Wim e Marie que esconderam Nico em sua casa é singela pela sua simplicidade, mas tremendamente profunda pelo o que aborda. Somente quando o casal, por um desfecho tragicômico, se vê na mesma situação daquele que esconderam, é que conseguem realmente compreender aquele inquilino estranho que ficou em sua casa por um ano.
O que significa ter que deixar para trás tudo o que se tem em questão de minutos e não olhar para trás, mas levar consigo todas as lembranças e hábitos que não podem mais se repetir? A esperança que parece diminuir a cada dia que passa de um dia poder voltar, o o sentimento meio sem sentido, quase nulo, estranho, quando se fica sabendo que pode voltar? Sempre imaginamos ser de euforia, mas quando ocorre, não é assim.
Se sentir um peso, um intruso numa casa alheia, mas ao mesmo tempo ser imensamente grato, mas sem deixar de se sentir um nada. " Representava seu aniquilamento humano, ainda que - talvez lhe salvasse a pele." É como nos sentimos quando vivemos da ajuda da compaixão alheia.
E quanto àquele que acolhe, que mesmo que o faça por compaixão e justiça, não deixa de sentir que está salvando uma vida, e que isto será revelado quando a guerra acabar, e os três saírem juntos para comemorar e todos irão compreender na hora, e isto não acontece? Eis uma decepção humana como diz o autor.
O que Keilson nos mostra não é o pavor da fuga, mas se há o medo de ser encontrado, também há todo o tédio de viver ali, a solidão da solidão como ele diz, e tudo o mais que é humano.
Hans Keilson nasceu em Bad Freienwald, Alemanha em 1909 e faleceu em 2011 na cidade de Bassum - Holanda. Estudou medicina em Berlim, mas quando se formou foi impedido de exercer sua profissão por ser judeu. Em 1936 emigrou para a Holanda fugindo do nazismo. Um casal em Delft o acolheu e foi um membro ativo da Resistência Holandesa. Quando a guerra acabou especializou-se em psiquiatria infantil e trabalhou principalmente com órfãos traumatizados.
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