Aggoune, Hafid. Rocco, 2005
Tradução: Maria Angela Villela
123 pagínas
AS RAÍZES DO PASSADO ESTÃO NO AMANHÃ
1942, Pierre vê seu primeiro amor ser levada pelos nazistas e ela não voltará. Sua última visão e de seu calcanhar no estribo do carro. Ele deixa de existir. Durante 59 anos permanecerá calado, sem conseguir gritar sua dor, sua raiva, seu medo, sem conseguir dizer sobre isto. Viverá na esperança da volta de Margot.
2001 - 11 de Setembro, com a morte de outro interno no asilo onde se encontra, ele volta, retorna à vida, e perceberá que é a morte que nos faz viver.
Um belíssimo relato, de um renascer, um retorno à vida, da tentativa de escrever sobre o que viveu naquele dia longínquo, e que ficou inesquecível, mas também inefável, uma tentativa de gritar pela escrita.
"É por causa da morte, é sempre por causa da morte, que em todo lugar, em todas as épocas, para cada um de nós, acontece e não acontece, porque não há nada a que se apegar, não há nada, e o vazio ronda o vazio e nessa vida é preciso aprender a viver com esse vazio, aprender a preenchê-lo com a vida, aprender a ver por trás das imagens, aprender a não perder o prazer, mesmo sob as bombas, os escarros, as injurias, as traições, os exílios, as deportações, os silêncios, os gritos e todas as faltas, aprender a dançar nos braços sem corpo do nada, aprender a ter orgulho de si, a amar a si mesmo, a amar o outro porque cada qual é um estranho, porque ninguém se parece com ninguém, aprender a amar esta vida, e este mundo que recomeça todos os dias, porque nós somos frágeis."
Lindo! a dor do existir em palavras.
Hafid Aggoune nasceu em 1973 em Saint-Étienne, França. Estudou letras e História da arte em Lyon.
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