quarta-feira, 23 de abril de 2014

FILME: UM SKINHEAD NO DIVÃ - 1992



Direção: Suzanne Osten e Niklas Radström - 1992 
Duração: 83 min
Título original: Tala! Det är sa mörkt // Speak up! it's so dark 
País: Suécia 


O filme é uma reflexão sobre a onda neonazista que assola a Europa nos anos 90.


Jacob (Etienne Glaser) é um psicanalista judeu cuja família morreu em Auchswitz, sendo que ele e a mãe conseguiram sobreviver por fugirem para a Suécia. Sören (Simon Norrthon) é um jovem skinhead que Jacob socorre após uma manifestação. Ele resolve então oferecer sua escuta ao jovem.

As sessões entre os dois se transforma numa reflexão sobre os aspectos políticos e psicológicos do racismo. Aos poucos vai se delineando os aspectos do indivíduo que adere aos grupos, e este aspecto ao meu ver é o brilhante do filme, pois em grupo somos capazes de fazer coisas que jamais faríamos sozinhos, e analisar o grupo é diferente das motivações pessoais.

Vamos descobrindo como era o pai e mãe deste jovem que sente tanto ódio. A mãe é super protetora e se nega a enxergar o óbvio, diz que os cartazes nazistas no quarto do filho são apenas decoração. O pai é ausente e violento, e dentro de seu individualismo diz que os problemas do filho são dele, mas durante a infância deste sempre abusou de sua força com o garoto. O grupo ao qual ele pertence que são mostrados entre as sessões, são todos bêbados, violentos, sem nenhuma razão de ser. Sörer admira o nazismo, afirma que Auschwitz é uma invenção dos judeus e a compara com Hollywood. Ao invés de namorar, ele direciona seu desejo sexual para o ódio e a violência. Sua mãe em nada ajuda para que ele se interesse por mulheres, pois prefere ter o filho com ela, ou deseja que volte a ser assim.

O psicanalista também se confronta com suas questões, ele é um imigrante, que fez da Suécia seu lar, mas é judeu e apesar de possuir a cidadania, não nasceu ali. Ele também sentiu muito medo quando criança, é um sobrevivente. Mas ele não teme o confronto com o jovem, e se propõe a compreender a alguém que age como os que mataram sua família. Para isto além das sessões ele irá também adentrando o universo de Sören.

Jacob diz que por baixo do ódio está a dor, e embaixo desta o medo.

Há um medo que se generaliza, de um lado eles tem medo dos emigrantes, que se apossem de seu país, os consideram culpados por todos os problemas que ocorrem, e estes temem os ataques dos Skinheads. E ao invés de considerá-los uns loucos que precisam ser combatidos o que Jacob se propõe é a compreender o porque disto, e para isto apesar do medo não irá demonstrá-lo e não se deixará intimidar mesmo diante das ameaças do outro. E este ponto é importante, pois como dirá Sören no filme, eles precisam do medo do outro para serem fortes e poderem agir.



Niklas Radstrom nasceu em 1953 em Estocolmo, Suécia. 

Suzanne Osten nasceu em 1944 em Estocolmo, Suécia. 

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