Balmary, Marie. Vozes, 2007
179 páginas
Tradução: Karin Andrea de Guise
Título Original: Le moine et la Psychanalyste
Acabo de reler este livro, aliás pela terceira vez. A cada vez me aprofundo mais e descubro novas interpretações pessoais sobre este pequeno livro, mas que diz tanto.
Marie Balmary é uma psicanalista francesa que teve sua tese recusada na Sorbone por um dos antigos alunos de Jacques Lacan. Surpreendendo-a ele a convida para um encontro ao qual ela comparece. Lacan a recebe como um mestre, lhe oferece um lugar que ela recusa pois teria que se submeter a uma lealdade incondicional que os discípulos de Lacan exigiam e ela desejava a liberdade de pesquisa. Mas Lacan a encorajou a seguir em frente. Ela então sente o desejo de falar com Marc-François Lacan, monge beneditino e irmão caçula de Lacan. Será destes encontros que surgirá este livro, porém no livro é o encontro entre Ruth, uma psicanalista judia e agnóstica e o monge Simon. O diálogo entre os dois procura repetir e trazer para o livro o que resultou os diálogos que ela manteve com Marc e outros monges, portanto é uma ficção criada a partir destes encontros.
O que mais me toca neste livro é a compreensão de Deus não como um pai celestial, nem como uma criação que fazemos como diria Freud, mas sim, Deus como relação. "aquilo que é à imagem de Deus em Gênesis é o homem e a mulher em relação."
Esta frase em particular me chama a atenção uma vez que justamente estou desenvolvendo um projeto sobre as mulheres, todas as que foram subjugadas, ocultadas por uma sociedade patriarcal e machista, mas o resgate que pretendo fazer não é uma ação feminista, o que busco é justamente o homem e a mulher juntos, o Yang e o Yin. Há lugares onde um sozinho não pode alcançar, alguém tem que abrir a porta sem o perceber e o outro a verá e ambos passarão por ela. Aqui é claro que vemos uma sessão de análise, onde um fala e não percebe e o outro escuta e pontua, mas ambos estão num não-saber e irão descobrir algo juntos. No meio do analista e do paciente há um espaço, e é este "entre" que me chama a atenção, pois é capaz de novas criações e é um lugar de encontro, encontro de dois seres humanos, e isto ocorre seja pela escuta psicanalítica ou pela escuta espiritual.
Outro ponto importante é a questão de que nos estruturamos quando somos reconhecidos. Quando falamos ao outro o mais importante é o fato dele acreditar em nós, isto nos estrutura, passamos a existir. Quando acreditamos no outro "aquele em quem se acredita não é passivamente tomado na ação do outro, ele é um sujeito que recebe a confirmação de sua existência por meio de um outro sujeito." e mais adiante "Aquele que não foi reconhecido como outro se encontra devorado enquanto ser falante."
Eles irão fazer uma leitura dos textos da Bíblia de um maneira inversa, ouvindo as palavras como se fosse a primeira vez, e não dentro daquilo que nos foi inculcado por uma religião ou pela catequese.
É um belo livro que nos faz repensar Deus fora do contexto religioso, mas também refuta Freud para quem Deus era uma criação do ser humano que como a criança precisa de um pai.
Valeu a pena reler, é um livro para ler muitas vezes tamanha a riqueza do que está nele.
Esta frase em particular me chama a atenção uma vez que justamente estou desenvolvendo um projeto sobre as mulheres, todas as que foram subjugadas, ocultadas por uma sociedade patriarcal e machista, mas o resgate que pretendo fazer não é uma ação feminista, o que busco é justamente o homem e a mulher juntos, o Yang e o Yin. Há lugares onde um sozinho não pode alcançar, alguém tem que abrir a porta sem o perceber e o outro a verá e ambos passarão por ela. Aqui é claro que vemos uma sessão de análise, onde um fala e não percebe e o outro escuta e pontua, mas ambos estão num não-saber e irão descobrir algo juntos. No meio do analista e do paciente há um espaço, e é este "entre" que me chama a atenção, pois é capaz de novas criações e é um lugar de encontro, encontro de dois seres humanos, e isto ocorre seja pela escuta psicanalítica ou pela escuta espiritual.
Outro ponto importante é a questão de que nos estruturamos quando somos reconhecidos. Quando falamos ao outro o mais importante é o fato dele acreditar em nós, isto nos estrutura, passamos a existir. Quando acreditamos no outro "aquele em quem se acredita não é passivamente tomado na ação do outro, ele é um sujeito que recebe a confirmação de sua existência por meio de um outro sujeito." e mais adiante "Aquele que não foi reconhecido como outro se encontra devorado enquanto ser falante."
Eles irão fazer uma leitura dos textos da Bíblia de um maneira inversa, ouvindo as palavras como se fosse a primeira vez, e não dentro daquilo que nos foi inculcado por uma religião ou pela catequese.
É um belo livro que nos faz repensar Deus fora do contexto religioso, mas também refuta Freud para quem Deus era uma criação do ser humano que como a criança precisa de um pai.
Valeu a pena reler, é um livro para ler muitas vezes tamanha a riqueza do que está nele.
Marie Balmary
Nenhum comentário:
Postar um comentário