segunda-feira, 27 de abril de 2015

FILME: INCH' ALLAH - 2011


Direção: Anaïs Barbeau-Lavalette - 2011
Duração: 101 min
País: Canadá - França 

Chloe (Evelyne Brochu) é uma médica canadense que trabalha para as Nações Unidas e vive na Cisjordânia ocupada por Israel atendendo palestinas que vivem do outro lado do murro que separa os palestinos dos israelenses. Ela se sensibiliza com a situação as pessoas que vivem ali e acaba se envolvendo mais do que seu chefe acha que deva fazer lhe lembrando que deve ser fria. 

Ela é amiga de Ava (Sivan Levy), uma israelense que trabalha no posto de controle para a passagem entre o campo de refugiados onde vivem os palestinos e o lado israelense. Acaba se aproximando de Rand (Sabrina Ouazani) uma de suas pacientes e com ela convive mais de perto com os refugiados conhecendo seu drama. 

O filme retrata o conflito entre israelenses e palestinos sob a ótica de uma mulher, tanto a diretora do filme como a médica Chloe. Apesar de mostrar o conflito e o drama das pessoas o foco do filme é o olhar da médica, uma estrangeira ocidental e como ela reage a tudo isto.



Chloe acaba se envolvendo com o irmão de Rand, Faysal (Yousef Sweid) que faz parte da resistência Palestina, ou como alguns chamariam, de grupo terrorista.  Se no início do filme Chloe procura se manter neutra transitando entre os dois lados sem tomar partido, é após ver um jipe israelense atropelar e matar uma criança de forma proposital que ela repensa sua posição e tende mais para o lado palestino. 

Não vou entrar aqui na questão deste conflito, de quem está certo ou não, fato é que Israel tomou posse do território e deslocou inúmeros palestinos de suas casas, construindo o murro que divide a cidade. Mas vou focar na questão de uma estrangeira no meio disto tudo. Da dificuldade de se olhar para um outro ser humano e ter que ser fria com ela, o que Chloe não consegue mais ser após a morte do menino envolvendo-se com a família. Ela consegue inclusive uma permissão para que eles possam ir ver onde moravam antes, os escombros da casa, onde nasceram e viveram em paz durante anos antes do conflito.

Porém quando Rand dá a luz, Chloe está em Tel Aviv, e demora para chegar. Eles não conseguem transpor a barreira israelense para chegar ao hospital e a criança nasce no carro vindo a morrer em seguida por falta de oxigênio. Neste momento Rand se volta contra Chloe alegando que foi devido sua demora que a criança morreu, dizendo que quem está dos dois lados não está de nenhum lado. Rand acaba se transformando numa mulher bomba. 

Se por uma lado temos a humanidade, e estamos diante de outro ser humano que sofre, de outro há toda uma questão cultural, histórica e de guerra que separa, e isto faz com que Chloe não possa se aproximar de Rand como uma amiga. É a dificuldade e o drama que enfrentam os que trabalham nestes campos de refugiados em todo o mundo. Até que ponto posso me aproximar e me envolver, se é que posso? Até que ponto vai minha humanidade neste caso diante de outro ser humano? Uma linha tênue, tão tênue quanto o murro construído para separar os dois lados. 

Anaïs Barbeau-Lavalette nasceu em 1979 em Quebec, Canadá

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