Salgado, Sebastião; Francq, Isabelle. 1ª. Paralela, 2014
152 páginas
Tradução: Julia da Rosa Simões
Título Original: De ma terre à la terre
Depois que vi a exposição "Genesis" no MON em Curitiba estou fascinada pelo trabalho de Sebastião Salgado. Assisti ao documentário O Sal da Terra e agora terminei de ler o livro Da minha terra à terra onde ele nos conta sua história pessoal e o que significa fotografar para ele. Vai além, fala sobre o que aprendeu com este trabalho para sua vida, para sua maneira de ver o mundo.
Comecei a leitura ontem e não consegui largar até finalizar o livro. Fui envolvida e desejei que o livro continuasse. O que dizer de uma pessoa que percorreu mais de 120 países, viu coisas atrozes, tristes, dilacerantes a ponto de adoecer fisicamente e psiquicamente, que aprendeu a arte da paciência necessária para poder fotografar e que fotografou o que sentia mantendo sempre a dignidade do outro, mesmo nas piores situações? O que Sebastião nos transmite é uma lição de vida, de viver, sem fechar os olhos ao que pior o ser humano tem, suas misérias, sua crueldade, sua ganância, mas também nos levando aos mais belos lugares deste planeta, onde o homem ainda vive em harmonia com a natureza, com os animais. Ele nos ensina a poder viver neste lado do planeta mais bonito, sem fechar ignorar o outro lado, uma vez que somos responsáveis por tudo que ocorre neste mundo, de maneira direta ou indireta, pois quando compramos produtos fabricados por crianças, por escravos, ou produzidos através da destruição da natureza, estamos colaborando com a tristeza do mundo.
Suas fotos são um despertar, uma conscientização, não são tiradas para produzir pena ou compaixão e com isto apaziguar a consciência de Salgado ou para dar lições. Para ele as fotos são sua vida, são subjetivas, captam o que ele está vivendo e sentindo.
Ele constata que os migrantes, mesmo tendo que deixar suas terras por causa da pobreza, buscam algo de melhor, acreditam que irão ter uma vida melhor e por isto inventam uma nova vida longe de sua terra natal, já os refugiados não fazem isto, eles foram obrigados a deixar suas terras pelo medo, para fugir das atrocidades, da morte, e não tem o desejo de uma vida melhor, querem apenas sobreviver quando o conseguem. Os relatos de Salgado sobre os Balcãs e Ruanda são fortes, e ainda ficam muito longe do que ele viveu ali, por mais que as fotos retratem isto como um espelho.
Há uma tendência a pensar que o Holocausto foi o maior genocídio e que isto não se repetirá, mas ou estamos cegos ou não queremos ver. O genocídio que ocorreu na África e nos Balcãs é atroz, cruel, o pior lado do ser humano.
Lendo Salgado, vendo o documentário, olhando suas fotos o que vejo é que estou diante da humanidade com o que ela tem de pior e com o que ela tem de melhor.
Sebastião Salgado
Isabelle Francq
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