terça-feira, 26 de maio de 2015

DOCUMENTÁRIO: CONGO RIVER - 2006


Direção: Thierry Michel - 2006
Duração: 116 min

Produção Franco-belga

Seguindo os passos do explorador Stanley o documentário segue da foz do rio à fonte. Percorrendo seus 4.371 km passando pelos lugares que são os testemunhos da história tumultuosa do país, desde a colonização belga até os dias atuais e a guerra civil com o terror dos estupros perpetuados contra as mulheres. Seguindo a margem do rio vamos encontrando este povo e sua história, suas alegrias e sofrimentos, as festas, os rituais, os dramas que fazem parte da vida dos pescadores, comerciantes, viajantes, militares, rebeldes, crianças-soldados, os mai-mai, as mulheres violentadas. Um povo que busca recomeçar e recuperar sua dignidade. 

Este rio é o principal meio de comunicação e locomoção da República Democrática do Congo uma vez que devido as guerras civis a floresta se apossou novamente das estradas e cobriu os trilhos dos trens, herança do tempo da colonização belga. A medida que avançamos pelo rio, inicialmente a bordo de uma barcaça que leva o povo, animais, carga, todos alojados em cima de um pontilhão, cada um armando uma cobertura de plástico, lona, cozinhando ali, dormindo ali, vamos também tendo uma retrospectiva do período da colonização, seja em imagens em preto e branco ou através das ruínas do que ficou ali abandonado, como uma universidade botânica, palácios, barcos. Seguimos pelo rio de Kinshasa até Mbandaka por 1700 km, depois é preciso fazer um trecho por terra pois o rio se torna rápido demais e com pedras e cachoeiras, para então chegar a Kisangani e lugares devastados pelos longos anos de guerras. 

Pessoalmente não tinha muito conhecimento sobre o país exceto pelas notícias de violência contra as mulheres e sobre a colonização belga. É interessante ver a influência da catequização cristã dos colonizadores misturado aos rituais locais, até mesmo uma missa em uma igreja rezada por um bispo onde ele invoca a todos para abandonarem seus antigos rituais, no final o que vemos é uma canção ao som de tambores e o ritmo de dança tipicamente africano. 

Sobre a guerra o herói Mai Mais encontra na bíblia as justificações para tudo que fez, e eles acreditam que estão protegidos pela água para lutar, e citam a bíblia sobre isto, mas são capazes de imensa crueldade, como violentar crianças, mulheres, não por necessidade ou prazer, mas para destruir. 

É sempre interessante e instrutivo conhecer outros povos e sua cultura. Vemos apesar de tudo pelo que este povo passou uma alegria, principalmente eles adoram dançar e cantar. Lembrei-me do livro O Sagrado e o feminino de Cathérine Clément, já postado aqui no blog, sobre a questão das cerimônias religiosas, mesmo cristãs, e que as mulheres entram em transe. No filme vemos isto. Há tristeza também, crianças pequenas trabalhando, a falta de ajuda externa que faz com que este povo ele mesmo tente recuperar seu país da forma mais arcaica, braçal, mas acreditando nisto. 

É a história de um povo e de seu país, para os quais o Rio Congo é de suma importância. 

Thierry Michel nasceu em 1952 em Charleroi, Bélgica. 

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