Direção: Philippe de Pierpont - 2011
Duração: 78 min
Título Original: Elle ne pleure pas, elle chante
País de origem: Bélgica e Luxemburgo
Adaptação da autobiografia de Amélie Sarn
Excelente filme sobre o abuso sexual infantil, no caso incesto, e suas consequências, traumas, e de como as pessoas reagem à isto.
Laura (Erika Sainte) fica sabendo que seu pai sofreu um acidente e está em coma no hospital. Ela então revolve voltar e vai visitá-lo. É o momento do acerto de contas ou até mesmo de se vingar.
Laura sofreu abuso sexual na infância por parte de seu pai e sofre com as consequências disto. Ela tem dificuldade de se relacionar, de amar, em sua sexualidade. Carrega a dor e o ódio. Quando vê seu pai em coma começa a falar com ele, sobre tudo o que sente e o que pensa dele, ela revive o que ele fazia com ela, lembra de suas palavras - de ele a amava e que nunca lhe faria mal. Ela sentia medo, deixava e ficava quieta pois achava que ele iria deixar de ama-la se não se submetesse. Agora ela sabe que ele fazia isto para fazer com que ficasse quieta. Ela lhe diz que não acredita que ele não esteja escutando, que esteja em coma, que ele sempre faz de conta, finge.
Ela deixou sua casa e foi morar sozinha num apartamento, tem um namorado, aliás teve vários que sempre terminam. A relação dela com o rapaz é estranha, ela o chama a noite e o manda embora de manhã. É como se repetisse tudo de novo, durante a noite. Ele gosta dela, mas não compreende o comportamento dela.
Sua mãe fica feliz por ela ter voltado, seu irmão também. Ele tem dois filhos e em um dia onde Laura fica com as crianças e menina começa a cantar uma música que fala de cama, ela se assusta, faz algumas perguntas à menina, mas percebe que ela está projetando na criança o que ela passou. Que seu irmão não precisa ser como seu pai.
A mãe tenta se reaproximar, e vai visitá-la pela primeira vez em seu apartamento. É o momento do confronto das duas. A mãe reage pela negação, dizendo que Laura inventa histórias, imagina, e que seu pai está lutando entre a vida e a morte e ela é uma egoísta como sempre, pois só pensa nela. Ela vai embora, diz que a filha a enoja.
Laure decide então contar tudo ao irmão que nunca soube de nada. Ele a acolhe, pergunta porque ela nunca lhe falou nada, mas a criança abusada nunca fala, mesmo depois de adulta é muito difícil falar. Mas o ato de contar ao irmão a liberta, e também de alguma maneira a faz se sentir vingada do pai, pois agora ele pode viver, uma vez que nunca mais poderá fingir ou fazer de conta.
O filme retrata bem as consequências do abuso na infância, o silêncio, a culpa, a dor, o ódio. A reação da mãe que infelizmente é o de muitas mães que acabam negando tudo, dizendo que a filha inventou tudo, que não conseguem aceitar que seu marido, o homem que amam faz isto, e que com isto pioram a situação da criança ou da filha mesmo adulta.
Philippe de Pierpont
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