domingo, 24 de maio de 2015

FILME: QUESTÃO DE IMAGEM - 2004


Direção: Agnès Jaoui - 2004
Duração: 111 min
Título original: Comme une image
País: França 

Premiado em Cannes em 2004 pelo roteiro.

Lolita (Marilou Berry) é uma adolescente que sofre por ser gorda e com isto se sentir fora do modelo clássico de beleza física imposto pela sociedade. Mas o que se evidencia no filme não é o outro a excluindo por ser gorda, apesar de que seu pai Étienne (Jean-Pierre Bacri) não a ajuda a acreditar que é amada mesmo sendo gorda, mas ao contrário, é como ela se sente e reage ao outro por se sentir fora do padrão. 

Étienne é um escritor e editor de sucesso, egocêntrico, tem uma esposa jovem Karine (Virginie Desarnauts) e não aceita envelhecer. Eles tem uma filha de 05 anos que é constantemente reprimida pela mãe quando deseja comer algo, principalmente doces e sorvetes, para que não engorde. A professora de canto de Lolita, Sylvia (Agnès Jaoui) acha que ela não talento e só se interessa realmente pela garota quando descobre quem é seu pai, uma vez que seu marido Pierre (Laurent Grévill) está no terceiro livro publicado e não consegue o reconhecimento e sucesso. 

Sylvia acredita que Étienne poderá ajudar seu marido, é seu escritor predileto, mas é justamente a partir daí que as coisas irão se complicar e as aparências e máscaras começarão a aparecer e cair.

As relações humanas e suas dificuldades. Lolita quer ser amada, principalmente pelo pai e fará de tudo para isto, desde se irritar para chamar a atenção até tentar algo que o deixe orgulhoso dela, como cantar. Ela lhe dá uma fita cassete onde está cantando, mas ele nunca a ouve. Em sua apresentação ele sai logo no início, e não vê que finalmente ela consegue soltar sua voz. Odeia a madrasta e sofre porque a maioria das pessoas se aproximam dela por causa do pai. Logo no início do filme a vemos ser deixada de fora de uma sessão de apresentação de um filme baseado no romance que o pai escreveu. Ela parou para atender o celular, e não a deixam entrar porque os ingressos estavam com o pai. Eles levarão um bom tempo para perceberem que ela não está ali. Mas foi justamente neste momento que um jovem passa mal e ela o socorre sem saber que ele virá a ser uma pessoa muito especial em sua vida, o que ela demorará para compreender. Seu namorado também a usa para ter acesso ao pai. 

O pai vive rodeado de pessoas que ele dispensa ao seu bel prazer  escondendo desta forma sua insegurança. Quando sua esposa o deixa ele fica perdido e só, e então busca sua filha que sempre ignorou. Ela confunde esta busca de colo e mãe como finalmente o amor do pai. Mas quando a madrasta volta, tudo fica como antes. 

A sorte de Pierre começa a mudar e ele é elogiado pela crítica, aparece num programa de TV, enquanto que Étienne sofre de um bloqueio criativo e não consegue escrever mais nada. 

Todos se encontrarão num fim de semana na casa de campo de Étienne e ali mais ainda aparecerão os pequenos detalhes que mascaram o ser humano, como por exemplo Pierre dizer que gosta de comer coelho sendo que ele detesta coelho. Sébastien (Keine Bouhiza), o rapaz que Lolita socorreu quando passou mal também irá, porque Julien seu namorado diz que não pode ir, mas quando ele aparece ela corre para ele deixando Sébastien sozinho. Mas o pior foi acusá-lo de já ter conseguido o que queria, o pai dela lhe arrumara um emprego, sem saber que o mesmo havia declinado do trabalho para se lançar num projeto com amigos. O filme está repleto destes detalhes que não a miséria humana, as dificuldades do ser humano. 

Sylvia será a única que acabará percebendo a pobreza, a mediocridade de tudo aquilo e enfrenta o grande escritor Étienne, e ao mesmo tempo se sensibiliza com Lolita, percebendo também o que lhe passa na alma e coração. 

Um belo filme que traz os seres humanos como são, suas dificuldades, e sem buscar redenção, cada um se vira como pode, uns melhoram, outros não mudam, outros pioram, e assim vai o mundo. Não há heróis, nem inocentes, todos tem seus defeitos e suas qualidades. A dificuldade das relações, de aceitar o outro, e de compreender a si mesmo. 

Agnès Jaoui nasceu em 1964 em Antony, França. É casada com Jean-Pierre Bacri. 

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