Direção: Rachid Benhadj
Duração: 108 min
País: Algéria
É a história de Karima (Monica Guerritore) uma fotógrafa algeriana que vive em Paris e acaba de ter seu trabalho premiado. Desde que ela saiu da Argélia para escapar a tirania e violência do pai ela nunca mais retornou, mas recebe um telefonema da mãe falando sobre seu irmão, que aderiu a um grupo terrorista e está preso, condenado a morte. Ela então retorna ao seu país depois de 20 anos.
Neste retorno ela será então confrontada ao seu passado, aliás como se diz no filme, do qual nunca podemos escapar. Irá se recordando de sua infância, do seu irmão, de como se davam bem, mas também de toda violência sofrida vindo de seu pai. Aos poucos ela vai se reconciliar com sua família e acima de tudo consigo mesma.
É um retorno as suas origens, suas raízes, e mesmo tendo vivido durante 20 anos em Paris, lutado por sua liberdade e independência ela irá se sensibilizar com a situação das mulheres na Argélia e sua falta de liberdade. Enfrentará seu passado em relação ao pai, mas terá que também aceitar que seu irmão não é mais aquele menino doce e fraterno que ela conhecia, sua realidade é outra agora e o que ele fez é terrível. Ela vai se apropriar de sua memória, mas acima de tudo dela mesma, do que ela é.
Não temos como nos libertar das origens, podemos viver em outros lugares e desfrutar de uma liberdade do entorno, mas em nós vive algo que faz parte da infância, a família e um país onde nascemos com sua história,cultura e o social. O que Karima consegue fazer é um retorno a tudo isto e se reconstituir, conciliando seu lado de origem e também incluindo sua liberdade e independência. Ela vai ter que curar suas feridas que não estavam cicatrizadas como ela pensava ter feito ao não pensar no passado, e depois atar os fios de sua vida.
Ao deixar a Argélia ela pensa esquecer tudo. Ninguém sabe nada sobre esta parte de sua vida, ela não fala nada sobre isto, nem mesmo ao homem com quem vive há 05 anos. Nunca mais falou a língua e não se interessou pelo o que ocorreu em seu país enquanto esteve fora. Ela terá que resgatar tudo isto para deixar de ser uma estrangeira em seu próprio país e se apropriar de sua identidade.
O filme tem cenas locais muito bonitas, principalmente o jardim no começo do filme com suas árvores centenárias.
Mohamed Rachid Benhadj nasceu em 1949 em Argel, Argélia.
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