Direção: Pierre Salvadori - 2015
Duração: 91 min
Título original: Dans la cour
País: França
Um filme sobre a depressão e outros aspectos da dor de existir da atualidade. Antoine (Gustave Kervern) não consegue mais dormir, deixa a banda onde tocava e procura um novo emprego. Acaba conseguindo como zelador de um prédio em Paris que tem um pátio interno. São poucas as suas obrigações e ele se dá bem. Aos poucos ele vai conhecendo os moradores do prédio.
Ele foi contratado por Matilde (Catherine Deneuve) e seu marido Serge (Féodor Atkine). Ela está aposentada e não se satisfaz com nada, é obsessiva, tem medos e também não consegue dormir. Mas não é apenas ela que tem problemas, aos poucos percebemos que os outros moradores do prédio também tem suas questões. Stéphane (Pio Marmai) coleciona bicicletas e faz uso de drogas. Mr. Maillard (Nicolas Bouchaud) está sempre preocupado com a vida dos outros e em impor o que deseja. E também um vendedor de livros de uma seita (Oleg Kupchik) e seu cachorro que vem para dormir no porão.
É um retrato em tamanho reduzido da sociedade e suas mazelas, a solidão, a falta de sentido, a depressão, as obsessões, pânicos. Eles procuram um sentido para suas vidas, não sabem o que fazer nem como, e as pessoas que os rodeiam não compreendem o que se passa como o marido de Matilde que se irrita, diz que ela está louca e acaba ligando para o médico e vendo inclusive a possibilidade de interná-la. Será Antoine que acabará dando o maior apoio à Matilde procurando compreendê-la, mas ninguém se voltará para ele o que o levará ao desfecho que terá no filme.
O filme não se aprofunda nas dores de cada um, ficamos sabendo muito pouco sobre cada um, mas justamente o que o filme busca mostrar é o dia a dia de pessoas que estão doentes e como eles agem, pensam, suas dificuldades, levando ao público uma abordagem do que é a depressão e as formas como eles tentam superá-la , mesmo não sabendo como fazer.
O interessante do filme é que a abordagem apesar de ser rápida e sem muitos esclarecimentos nos mostra justamente o que é a depressão e como agem as pessoas deprimidas, e não há nenhum final feliz de superação. A depressão é algo que tem seu tempo e se por um lado precisa do apoio do outro, da compreensão, também precisa esperar o tempo do doente para que ele consiga sair dela e retomar sua vida. E o que mais me chamou a atenção é que o filme não aborda o viés psiquiátrico que almeja a cura com anti-depressivos, mas ao contrário, é pelo tempo e a reação de cada um que se sai da depressão, ao invés de camuflá-la com remédios visando a pronta recuperação e obviamente que o sujeito volte a produzir e consumir.
Pierre Salvadori nasceu em 1964 na Tunísia
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